a.
prep.;
pop. é elidida na conjg. perif.; como ccl. substitui-se por em, ou pelas contr. no e na.
“– Tás mesmo velho!
Essa cabeça já não está regular bem!” Bobela-Motta 1978:42.
“Esta hora quando o
céu começou a lançar, ela foi logo-logo na casa do tio Kakuarta.” Rui 1999:361.
abaçanado.
adj. ||1. Amorenado, Caboclo, Mulato. ||2. fig. Moreno, trigueiro.
s.m.
ETIM. Awa’katl, nau., testículo, refererindo-se
à forma do fruto, uma associação que levou a que fosse considerado um alimento
de fertilidade. O.LING. umb. Ombakate,
s.(o-, olo-), portg. ms. [Daniel]. || BOT. Fruto comestível do abacateiro, também conhecido por
pêra-abacate, muito rico em gorduras e vitaminas A, B e E. É piriforme, de
casca verde ligeiramente rugosa ou lustrosa, conforme a variedade, com polpa
amarelada, mole, espessa e adocicada, que envolve uma única semente com 5cm de
d. ECO. Em situação selvagem
o fruto cai da árvore, ainda verde e amadurece rapidamente no solo. UTIL. É comestível,
consumido inteiro ou batido com açúcar, formando uma massa cremosa muito
saborosa, que pode ser acompanhada com jinguba.
“em casa, Nelucha, em direção à cozinha, pediu a Paizinho que pousasse
tudo no chão, folhas de salsa, jimboa, múcua um pouco mirrada, abacates antigos
e alfaces ornamentavam a bancada perto do fogão” Ondjaki 2012:45.
s.m. de Abacate.
|| TAX. Plantae,
Magnoliopsida, Laurales, Lauraceae, Persea
americana Mill., syn. Laurus persea,
P. drimyfolia, P. edulis, P. floccosa, P. gigantea, P. gratíssima, P. leiogyna,
P. nubígena, P. paucitriplinervia, P.
persea, P. steyermarkii. HIST. A provável área de origem do abacate é o centro de
Chiapas-Guatemala-Honduras. A conquista espanhola encontrou o abacate indígena
na América Central do México ao Peru e do leste à Venezuela. Durante o século
XVII, o abacate estabeleceu-se nas ilhas do Caribe, mas só no séc. XIX se
espalhou para além da América Central, por exemplo, para o Sudeste Asiático. A
primeira importação foi registada na Flórida em 1833 e na Califórnia em 1856.
Acredita-se que tenha sido disseminado nas Índias Ocidentais por volta de 1750.
O abacate tem sido cultivado pelo seu valor altamente nutritivo, desde cerca de
8.000 aC, e há evidências de que terá sido comido, anteriormente, como fruto
selvagem. O registo arqueológico mais antigo é de Coxcatlan, no México, de
cerca de 10.000 aC. É, presentemente, amplamente cultivado em grandes
quantidades, por exemplo na Indonésia, Brasil, África do Sul, Israel, EUA
(Califórnia e Flórida) e Austrália. BOT. Árvore perene de grande porte, de coroa
arredondada, de crescimento rápido, ultrapassando os 30 m de a. e vivendo cerca
de 50 anos. As folhas são simples, elípticas, oblongas ou oval-acuminadas, semicoriáceas,
de margens inteiras, mais ou menos onduladas, lanceoladas e lustrosas,
acunheadas ou arredondas na base, obtusas a agudas ou acuminadas no ápice; o
pecíolo mede 3,2 cm de c.; a lâmina foliar mede de 8 a 20 cm de c. e 4 a 9 cm
de l.; o pecíolo tem até 5 cm de c.; quando frescas são de cor verde-escura na
face superior e verde mais clara, na face inferior; a nervura central é
proeminente, com nervuras secundárias oblíquas, também proeminentes, dando
origem às nervuras terciárias que se juntam numa trama fina. As flores são pequenas (5-10 mm de d.) e
nascem na mesma planta flores masculinas e femininas; porém amadurecem em
tempos diferenciados, para evitarem a autofertilização; de coloração verde
esbranquiçada, nascem em inflorescências semelhantes a cachos, na extremidade
dos ramos. Os frutos são drupas ovoides ou piriformes, de casca verde-escura ou
roxa e polpa cremosa, adocicada, rica em gordura, de cor verde clara ou
amarelada, com uma única semente grande e esférica, de 4 a 6 cm de d. ECO. O seu habitat
preferido é a floresta das nuvens e as encostas mais baixas das florestas
tropicais, em solos bem drenados; cresce mais facilmente em solos leves,
profundos, bem drenados e ligeiramente ácidos. As melhores condições climáticas
encontram-se em regiões com chuvas à volta de 1.200 ml anuais. Prefere solos
férteis e húmidos, e clima ameno a quente, de modo que se dá bem em países de
clima tropical ou subtropical: África do
Sul, Angola (regiões do Planalto e do litoral), Benin, Botsuana, Burkina Faso,
Burundi, Camboja, Camarões, Cabo Verde, Chade, Congo, Costa do Marfim,
Djibouti, Egipto, Equador, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau,
Haiti, Índia, Indonésia, Israel, Quénia, Lesoto, Libéria, Madagáscar, Malawi,
Malásia, Mali, Mauritânia, México, Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria,
Papua-Nova Guiné, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Seicheles, Serra Leoa, Somália,
Sudão, Suazilândia, Tanzânia, Tailândia, Togo, Uganda, Vietname, Zâmbia,
Zanzibar, e Zimbabué, para além do continente americano. UTIL. O fruto é
comestível e muito apreciado. É rico em calorias (220 kcal por 100 g), contém
vitaminas A, B e E e é uma boa fonte de ácido fólico, riboflavina, niacina,
tiamina, ferro e potássio. É comido em saladas e sobremesas e usado em sorvetes
e batidos. Uma infusão das folhas é utilizada, em medicina tradicional, no
tratamento de problemas renais. O óleo de abacate penetra na pele humana mais
facilmente do que outros óleos, como amêndoa, milho e azeite e é usado em
cosméticos e artigos de higiene pessoal. As sementes produzem um suco leitoso
que tem sido usado como tinta para marcar roupas. Há relatos, do México e do
Peru, de que a pele do fruto é ativa contra parasitas intestinais. Partes não
especificadas da planta também foram usadas ocasionalmente no tratamento do
cancro dos lábios. O botânico William Milliken, dos Kew Gardens, estudou as
tradicionais plantas antimaláricas no estado de Roraima, no Brasil. Durante
esses estudos, um membro da tribo Wapixana relatou que as folhas do abacate
foram usadas contra a malária. [ITIS, Kew, Plant List, Prota4U].
“Matabichámos juntos, nesse momento que eu adorava:
o meu pai abria as portas grandes da janela da sala, e víamos o abacateiro que
se espreguiçava para acordar também.” Ondjaki 2007:58.
s.m.
ETIM. I’waka’ti, tupi, fruta que recende [Houaiss]. || Variedade de Ananás.
“Lá,
no Paraíso, mamãe e papai dispunham de boas mangas, abacaxis, papaias, goiabas,
cajus, maracujás, talvez até acerolas, cajás, graviolas.” Agualusa
2010a:117-118.
abanar.
v.intr.
e refl. ||1. Merengar. ||2. fig. Saracotear.
abandonar.
v.
intr. tr. e refl. || Bazar.
abandono.
s.m.
|| Bazamento.
abatucado.
adj.
|| Com a forma ou a sonoridade do batuque.
abertura.
s.f.
|| Muelu.
abismo.
s.m.
|| Calunga. Mafunda.
abjeto.
adj.
|| Cabungo.
aboamado.
adj.
de Aboamar. || O.OC. de Abuamado.
aboamar.
s.f.
||1. BOT. Fruto da aboboreira,
hortícola rica em vitaminas A e do complexo B, cálcio e fósforo. Fornece poucas
calorias, é de fácil digestão e muito utilizada em culinária.. ||2. a.-carneira:
Atira, Binda, Dinhungo. ||3. a.-de-água: Ditanga. ||4. a.-doce, a.-menina:
Dinhângua. ||5. GASTR. É utilizada, em
gastronomia, assada ou cozida, consumida simples ou com acompanhamento de jinguba
torrada, como merenda. É cortada em fatias, cozida com casca e pevides e assada
inteira, em brasas de rescaldo.
s.f.
|| TAX. Plantae,
Magnoliopsida, Cucurbitales, Cucurbitaceae, Cucurbita
spp. L. [ITIS,
Plant List].
|| vd. Abóbora.
s.cd.
ETIM. Ambúndu, kimb. s.(mu-, a-), negros,
indivíduos de raça negra [Assis
Jr. & Matta].
|| corr. Designação por que é também conhecido o povo Ambundo, do grupo etnolinguístico
Quimbundo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence
ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
abrir.
v.tr.
||1. a. a cabeça:
idiom. p.conc. kimb. Kujukula o mûtue.
Submeter o iniciante ao exercício da possessão de muculo [Ribas]. ||2. a. o terreiro:
idiom. p.conc. kimb. Kujukula o dikanga.
Traçar no chão, antes de se iniciar um ritual, uma cruz a pemba e ucusso [Ribas]. ||3. a. covas para
plantação: Pôr missengo.
aborrecer.
v.tr. || Tatessar.
absorto.
abuamado.
adj.
de Abuamar. O.OC. Aboamado, Boamado,
Bouamado. SIN. Buamado. ||
Absorto, admirado, assustado, atarantado, deliciado, embevecido, encantado, enlevado,
extasiado, maravilhado, pasmado.
“ […] tu cala-te já, agora
vens com racismos baratos e isso não admito à minha frente, podia ter
acontecido com qualquer um, e o cala-te foi tão forte, cortante, que CCC
ficou de boca aberta, totalmente abuamada, nunca lhe ousara falar assim, mas
abaixou a cabeça, não refilou […] ” Pepetela 2001:88.
abuamar.
v.
intr. tr. e refl. ETIM. Kubuuama, kimb. v.intr., ficar absorto,
pasmado, estar alheio a quanto nos rodeia [Assis Jr.]. O.OC. Aboamar. SIN. Boamar, Bouamar,
Buamar. || Admirar, assustar, atarantar, deliciar, embevecer, encantar,
enlevar, extasiar, maravilhar, pasmar.
abuçoito.
gir. s.m. ||1. Intervalo,
pausa. ||2. pedir a.:
Pedir licença para se ausentar de um jogo ou brincadeira [Ondjaki].
“Alguém berrava «abuçoitos» e o jogo sofria esse
intervalo de irmos beber chá aguado ou comer meia banana com pão.” Ondjaki 2007:31.
abunda.
s.cd.
ETIM. Ambúndu, kimb. s.(mu-, a-), negros,
indivíduos de raça negra [Assis
Jr. & Matta].
|| corr. Designação por que é também conhecido o povo Ambundo, do grupo
etnolinguístico Quimbundo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou
o que pertence ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
abundante.
adj. || Bué.
abundantíssimo.
adj. || Buereré.
s.m. || Bemba.
Quihúhu.
s.f. ETIM. Mbutu, nhan. s.(o-, ono-), espécie de
melancia de forma redonda [Bonnefouxl]. O.OC. Bútua. || TAX. Plantae,
Magnoliopsida, Ranunculales, Menispermaceae,
Tiliacora chrysobotrya Welw. Ex Ficalho, syn.
T. insularis, T. mayumbensis, T. tisseranti, Triclisia chrysobotrya [Species 2000, Plant List]. BOT. A abútua, é uma
planta trepadeira lenhosa, que atinge 15m de a. e emite lianas semilenhosas
robustas. As folhas são simples e inteiras e as flores, caulifloras, brancas,
surgem em espigas fasciculadas. ECO: Ocorre desde o nível do mar até aos 2.000 m de alt., em prados e
terrenos húmidos, florestas tropicais ribeirinhas, matas de perenifólias e
bosques sombreadas, em Angola, República Centro Africana e R. D. do Congo. UTIL. Tem aplicacção
em medicina traducional.
aca!
interj.
ETIM. adap. de Haka, mult. interj. ms. [Assis Jr.]. O.OC. Aka! ||
Expressão que significa, de acordo com a entoação ou situação, enfado,
repugnância, surpresa; alegria, alívio, espanto. Arre! Credo! Que horror!
acaba-farinha. [img.]
idiom.
|| Designação por que é pop. conhecido o carapau ou chicharro. A expressão
resulta do facto de este peixe, preparado em mufete, ser acompanhado com
farofa, consumindo-se, por isso, bastante farinha-de-pau.
s.f.
||1. Designação por que
são conhecidos vários géneros de arbustos e árvores da fam. das Fabáceas,
também designados espinheiras ou espinheiros. ||2. a.-rubra. TAX. Plantae,
Magnoliopsida, Fabales, Fabaceae, Delonix
regia (Hook.) Raf., syn. Poinciana regia. [ITIS, Plant List,
Species 2000].
BOT. A acácia-rubra é
uma árvore que atinge 5-12m de a. e apresenta uma copa oblonga e bastante
larga, com folhagem densa, caducifólia nas zonas secas e perenifólia em climas
temperados. As folhas, com 20-40cm de c., verdes com a face inferior mais
clara, sésseis e ligeiramente tomentosas, são compostas de 10-15 pares de
pínulas, cada uma com 12-20 pares de folíolos oblongos com ápice arredondado.
As flores, vermelhas ou vermelho-alaranjadas (ocorrem esporadicamente
variedades amarelas), com 10-12cm de d., surgem em racimos laterais e
apresentam 4 pétalas de 8cm de c. e uma quinta, o estandarte, manchada de
amarelo e branco. As sementes, minúsculas, estão contidas em grandes vagens
coriáceas com 40-50cm de c. e 5cm de l., planas, castanhas quando maduras e que
se mantêm suspensas na árvore durante todo o ano. ECO: Requer solos bem
drenados em pleno sol e está bem adaptada às condições marítimas nos trópicos e
subtrópicos. Pensa-se que seja polinizada por nectariniídeos. A acácia-rubra em
estado selvagem existe apenas em Madagáscar, de onde é nativa, e está em perigo
de extinção (IUCN VU), uma vez que as principais subpopulações nativas,
localizadas à volta de Antsiranana (também chamada Diego Suarez ou Diogo
Soares), ocorrem em áreas ameaçadas pela produção de carvão vegetal. Foi
introduzida na África do Sul, em Angola, Antígua e Barbuda, Argentina,
Austrália, Bahamas, Bangladesh, Belize, Bermudas, Bolívia, Brasil, Brunei,
Burundi, Butão, Camarões, Cambodja, Chade, China, Colômbia, Comores, Costa
Rica, Cuba, Djibuti, Dominica, Equador, Egipto, El Salvador, Etiópia, E.U.A.,
Filipinas, Gana, Guiana Francesa, Guatemala, Guiné-Conacri, Haiti, Honduras,
Ilhas Caimão, Ilhas Cook, Ilhas Fiji, Ilhas Marianas Setentrionais, Ilhas
Marshall, Ilhas Salomão, Índia, Indonésia, Irão, Jamaica, Japão, Laos, Líbia,
Malásia, Maldivas, Mali, Maurícia,
Maiote, México, Moçambique, Myanmar, Nauru, Nepal, Nicarágua, Níger, Niue, Omã,
Panamá, Papua Nova Guiné, Paquistão, Polinésia Francesa, Paraguai, Porto Rico,
Quénia, R. D. do Congo, República Dominicana, Reunião, Seicheles, Serra Leoa,
Singapura, Somália, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Tanzânia, Togo, Tonga,
Trindade e Tobago, Uganda, Venezuela, Vietname, Zâmbia e Zimbábue. UTIL. Devido à sua beleza
e colorido das flores, é correntemente utilizada na ornamentação tanto de
propriedades privadas como de ruas, avenidas, praças e jardins públicos. A ela
deve Benguela o epíteto de Cidade das Acácias. Também se utiliza no fabrico de
postes de vedação, gomas, pesticidas e carvão. As sementes são utilizadas como
missangas e a goma obtida a partir das sementes secas usa-se no fabrico de
comprimidos, como o paracetamol. [Fern, IUCN, Kew, Prota4U, Wiki.PT, Zambesiaca]. ||3. a.-sira: TAX. Plantae,
Magnoliopsida, Fabales, Fabaceae, Albizia
odoratissima (L.f.) Benth., syn. Acacia
lomatocarpa, A. odoratissima, Albizia kalkora, A. micantha, A. micrantha,
Feuilleea odoratissima, Mimosa odoratissima. [ITIS, Plant List]. BOT. Árvore de folhas sempre-verdes, de copa
dispersa, tronco curto e ereto com 120-150 cm de d. e casca cinza-amarelada com
manchas. Atinge 22 a 40 m. de a. Os lançamentos jovens apresentam penugem
castanha. As folhas, verde-escuras, são alternadas, pendentes, com ráquis com
10-20cm de c., com uma grande glândula preta junto à base e outra entre o par
mais alto e uma, minúscula, por baixo do par de folhas mais novo. São
compostas, com 3-8 pares de pínulas, subsésseis, com 4,5-9cm de c., cada uma
com 8-20 pares de folíolos. As inflorescências são paniculadas, terminais, com
8-20cm de c., 10-15 flores sésseis, branco-amareladas pálidas e fragrantes. A
vagem mede 10-30cm de c., é castanha-avermelhada quando madura, delgada,
brilhante, peluda enquanto jovem, com talo curto, com 8-12 sementes ovóides,
com 9x6x1,5mm. ECO. Ocorre em florestas
secas de caducifólias, florestas de montanha de perenifólias, até aos
1.000-1.600m de alt. Encontra-se geralmente em encostas de montanhas e, por
vezes, em vales. A temperatura mínima do mês mais frio do seu habitat, é de
22ºC e a temperatura máxima do mês mais quente é de 33ºC; a temperatura máxima
absoluta ronda os 49ºC. É nativa da Índia até ao Vietname, incluindo o S da
China, mas não da Península da Malásia. Foi introduzida em África, onde ocorre
em Angola, Burundi, Malawi, Moçambique, Quénia e Zimbábue. UTIL. Tem um sistema
radicular bem desenvolvido sendo, por esse motivo, plantada para conter a
erosão e para a conservação do solo. Serve também como árvore de sombra, nas
plantações de chá e café. As condições de sombra que proporciona também
proporcionam um ambiente confortável aos trabalhadores das plantações, sob as
condições tropicais. É utilizada em programas de reflorestação. Através de uma
relação simbiótica com uma bactéria – a Rhizobium
bacteria – fixa o azoto da atmosfera. Em experiências já realizadas, a
acácia-sira contribuiu com 16kg/ha em 655kg de camas de folhas secas, e
contribui com matéria orgânica e nutrientes do solo para o sistema radicular
das plantas do sub-bosque. A copa diminui a secura do solo e impede o
crescimento das ervas daninhas. A árvore utiliza a humidade e os nutrientes do
subsolo, não utilizáveis pelas plantas, e protege-os da saraiva e das chuvas
torrenciais. As folhas são uma excelente forragem para o gado e as vagens são
alimento para os macacos. Os ramos mortos e defeituosos são uma fonte
importante de lenha. O cerne da madeira das árvores adultas é de uma coloração
castanho-escura. A madeira, de grande qualidade, é adequada para painéis e
mobiliário. É também usada no fabrico de carroças, rodas, utensílios para casas
de lavoura e madeiramento para a construção. A casca é usada na manufatura de
bebidas, colas e curtimento. Em medicina usam-se as folhas e casca. [Fern, Prota4U, Zambesiaca].
“A savana estendia-se
até ao horizonte. Acácias desarrumando o capinzal. Você sabe, deve ter visto
muitas paisagens assim.” Agualusa
2017:168.
“A um rumor que veio
duma moita, no chão sombreado por acácias rubras, sorriu, certo de ali estar a
Josefa à sua espera.”
Soromenho
1979:168-169.
“Já reparaste / que
as acácias siras / na desfolha / são metálicas?” Santos 2011:64.
acalentar.
v.tr.
|| Bombiar.
acangonhar.
v.
tr. e refl. || mq. Cangonhar.
acangundado.
adj.
SIN. Acassandada. || Bruto. Indivíduo com comportamento de
cangundo. NB: Emprega-se apenas
no m.
acanhado.
adj.
|| Amatumbado, matumbo.
acanhamento.
s.m.
|| Matumbice.
ácaro. [img.]
s.m.
|| Bihópio.
acaso, ao.
loc.adv.
|| Atoamente.
acassandada.
adj.
SIN. Acangundado. ||
Indivíduo com comportamento de cassanda. NB: Emprega-se apenas no f.
acha-congo.
adj.
e s.m. ETIM. adap. de Muxikongo, kik., s.(mu-, ba-). ||
Designação (cf. Cannecatin) por que é também conhecido o povo Muxicongo, do
grupo etnolinguístico Quicongo, e o seu dialeto, da língua do m.n. O nat., o
hab. ou o que pertence ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
achar.
v.tr.
|| Apanhar.
achega.
s.f.
|| Dica.
aclamar.
v.tr. || Couelar.
aco.
adj.
e s.m. ETIM. adap. de Haku, kimb. s.(mu-, a-). O.OC. Ako.
acólito.
s.m.
|| Balambala.
acubatar.
v. tr. || Dar a um edifício
ou conjunto residencial o aspeto ou as caraterísticas de cubata. O termo tanto
pode ser depreciativo como apreciativo, uma vez que tal aspeto pode também
apresentar-se como uma marca de estilo rústico em construções sólidas.
açúcar mulato.
s.m.
idiom. || Açúcar mascavado.
açular.
v.intr.
|| Assecuatar, cuatar, secuatar.
aculturado.
adj.
|| Assimilado.
adágio.
s.m.
|| Sabo.
adão.
antr.m.
|| Nome e designação dados a gémeo; rel. ao primeiro homem cf. a Bíblia.
adejar.
v.intr.
|| Reviengar.
adiantar.
v. aux. || Verbo empregue como aux. com o sentido de
imediatismo da ação; começar, iniciar.
“Na
confusão, as mulheres adiantavam fechar janelas e portas, meter os monas para
dentro da cubata, pois esse vento assim traz azar e doença, são os feitiços que
lhe põem.” Vieira 2000:15-16.
adingo.
s.m.
adap. de Adingu, txok. s. || Batuque
característico do Moxico para uso exclusivo em festejos reais ou em tempo de
guerra.
adingu.
txok.
s. || Adingo.
adivinha.
s.f.
||1 Nongonongo. ||2. enunciar uma a.:
Pôr nongonongo.
admiração.
admirado.
adj.
|| Abuamado, banzado, banzo.
admirar.
v.
intr. tr. e refl. || Abuamar, banzar.
adolescente.
adj.
e s. cd. || Candengue. Monandengue.
adoração.
s.f.
|| interj. de a.: Aiué!
s.f.
|| Cada uma das tábuas arqueadas que formam o corpo das pipas e barris. UTIL. É característica,
na tradição cultural angolana, nos musseques, a sua utilização para demarcação
de terreiros e galinheiros e mesmo em casas de construção definitiva, para
cercas de terrenos ajardinados. Serve também de matéria-prima na construção de
mobiliário rústico, nomeadamente de cadeiras de baloiço.
“O silêncio tapava
ainda mais as cubatas e só as pessoas que viviam ali podiam andar nos estreitos
caminhos entre os quintais sem dar encontro nas paredes
e nas aduelas, como ia Garrido, avançando devagar, para gozar bem a felicidade
tinha chegado na hora em que descobriu o caso era só agarrar o Jacó, torcer o
pescoço, fazer-lhe desaparecer.” Vieira 2000:110.
adulador.
adj.
e s.m. || fig. Amulecado.
adular.
v.tr.
|| Bombiar.
adultério.
s.m.
||1. Panda. ||2. Na sociedade
tradicional o adultério está sujeito a ressarcimento. O homem que tenha
praticado relações sexuais com mulher casada fica obrigado ao pagamento, ao
marido desta, de uma indemnização, continuando a adúltera a viver com o
cônjuge.
“Com o dinheiro,
queria pagar, na terra, uma indemnização, por crime de adultério.” Ribas 2009c:43.
afilar.
v.intr.
|| Assecuatar, cuatar, secuatar.
afilhada.
s.f.
|| Prostituta dependente de outra, de cujo prostíbulo é profissional.
afilhado.
s.m.
|| Paciente ou cliente assíduo de quimbanda. Filho de umbanda.
aflição.
s.f. ||1. Jingongo, malamba. ||2. interj. de a.:
Aiué!
afogar.
v. tr. || Bondar.
Aframomum
alboviolaceum.
lat.
s. || Atundua.
africano.
s.m.
|| Indivíduo de cor negra, incluindo o mestiço. Termo utilizado em tempos
recuados. “A especificação resultou do linguajar quimbundo pois, em
diferenciação do homem de cor negra e o de cor parda, possuía as formas mumbundu para aquele e mona a Ngola para este. Embora mona a Ngola signifique filho de Angola, o termo africano, no
entanto, implicava a ideia de esporadicidade, em relação ao exotismo paterno.” [Ribas 1997:1].
afronta.
s.f.
||1. Presente de alto
valor, oferecido à mulher que se pretende conquistar. O termo tem um sentido
específico, uma vez que se destina a uma mulher que se mostra renitente em
aceitar a pretensão do galanteador. Dádiva de subjugação feminina [Ribas]. ||2. fazer ua a.:
presentear capciosamente uma mulher. [Ribas].
aganguelamento.
s.m. || Ato ou efeito de aganguelar. [Ribas].
aganguelar.
v.tr. e refl. || Adaptar à estrutura da
língua ganguela; dar feição ganguela a.; amoldar-se às normas do viver dos
ganguelas, como eles agindo e exprimindo-se [Ribas].
agarrar.
v.tr.
|| Cuatar.
agarrar a chuva.
idiom.
|| mq. Amarrar a chuva.
agente.
s.m.
|| Aviado.
agindungado
adj. || O.OC. de Ajindungado.
agindungamento.
s.m.
|| O.OC. de Ajindungamento.
agindungar.
v.tr. || O.OC. de Ajindungar.
agredir.
v.tr. ||1. Zangular. ||2. fig. Zungular.
água ritual.
s.f.
|| Dicosso.
águia.
s.f.
||1. Holococo. ||2. a.-bailarina:
Combe. ||3. a.-pesqueira:
Humbi.
ahako.
kimb.
s. pl. de Muhako. || vd. Haco.
aholo.
kimb.kz.
s. pl. de Muholo. || vd. Holo.
ahungu.
kimb.
s.(mu-, a-). || pl. de Muhungu (cf.
Ribas).
ahungos.
s.
|| pl. hibr. de Hungo.
ai.
dit.
|| Pop., no interior de uma palavra, é proferido com o som de a fechado: caxa por caixa, faxa por faixa [Ribas].
ai!
interj.
|| Aiué! Aiuê!
ainda.
adv.
idiom. ||1. Emprega-se na
negativa elíptica: “ainda” por “ainda não”. ||2. Usado como partícula expletiva: “espera
ainda” ou “responde ainda” por “espera cá” ou “responde lá”.
ainda que.
adv.
|| Anga..
s.m.
ETIM. adap. de Ayolo, umb. s.(e-, a-), frutas-pães [Daniel]; Eyolo, nhan. s.(e-, oma-), fruto da Annona senegalensis [Bonnefoux]. || TAX. Plantae,
Magnoliopsida, Magnoliales, Annonaceae, Annona
stenophylla subsp. nana (Exell)
N. Robson [Species
2000], syn.
A. nana, A. senegalensis var. rhodesiaca,
A. s. var. subsessilifolia [Plant List]. BOT. Semelhante ao
dilolo, é também conhecido por anona-anã. É um subarbusto rizomatoso com
20-60cm de a., podendo, excecionalmente, atingir 1m ou mais. As hastes são
simples ou, mais raramente, com alguns ramos ascendentes, densamente a escassamente
pubescentes. As folhas, oblongas ou ovaladas, são de cor verde-azulada,
normalmente pubescentes na parte inferior, com nervuras acentuadas, sendo as
centrais vermelho-arroxeadas. As flores, que surgem entre outubro e novembro,
oblongas ou obovais, arredondadas no apíce, arredondas ou, mais raramente,
acunheadas na base; o pecíolo mede 1-7 mm; as nervuras são amareladas e
vermelho-arroxeadas; são carnudas, solitárias, axilares, fortemente odoríferas
e de coloração amarelo-creme no interior e ligeiramente esverdeadas na parte
exterior. Os frutos, semelhantes à anona, comestíveis, do mesmo nome e com 3cm
de c., adocicados, apresentam forma ligeiramente cordiforme e são
amarelo-dourados quando maduros, entre finais de fevereiro e março. ECO. Propaga-se em solos
arenosos profundos e macios, em savanas e mata aberta, em pastagens
frequentemente queimadas, margens de pântanos e floresta limpa, entre os 1.000
e os 1.500 m de alt. Ocorre em Angola (nas províncias de Cuando-Cubango, Huíla,
Huambo e Moxico), Moçambique, Namíbia, República do Congo, Zâmbia e Zimbábue. [Zambesiaca].
aiué! aiuê!
mult.
interj. || Expressão que significa, de acordo com a entoação ou situação, aflição
ou lamentação, dor; admiração ou aplauso, adoração; alegria ou prazer;
comiseração, resignação; espanto ou surpresa; gracejo, mofa ou zombaria. Ai!
Ui!
“ Aiuê! Aiuê, meu
homem! Lhe mataram, eu sei! Lhe mataram. Não bebia, não fazia mal a ninguém,
lhe mataram. Aiuê, minha vida!” Vieira1988:32.
“– Pois é! Estou pensar
isso mesmo: uma boa via-rápida, um copo bem cheio, a gente bebe essa
aguardente, senta no chão, fica com os companheiros, conversa da vida, conversa
do serviço, conversa de pequenas, a mutopa aí bem carregada… Aiuê! Saudade,
mano!”
Vieira
2000:97.
“Contudo ele pagava,
pagava como os outros que andavam lá no colégio. Mas nenhum ia de farda de
caqui e de quedes como ele. Nem eram empregados de elevador. Aiué, Faustino,
tem de ser.”
Vieira
1977:142.
ajindungado.
adj.
O.OC. Agindungado. ||1. Picante; apimentado,
condimentado, temperado com jindungo. ||2. fig. Malicioso, mordaz.
“A mulher limpou as
mãos ao avental e, antes de sair, olhou amarradamente os olhos na varanda: no
sítio onde vivera «carnaval da vitória» estavam agora quatro fogareiros crepitantes
e as febras, bem ajindungadas, estalavam sobre as brasas vermelhas.“ Rui 1991:65.
ajindungamento.
s.m.
O.OC. Agindungamento. ||1. Acto ou efeito de ajindungar. ||2. fig. Malícia.
ajindungar.
v.
tr. O.OC. Agindungar. ||1. Apimentar,
condimentar, temperar com jindungo. ||2. fig. Maliciar, tornar malicioso.
“Diogo ajingungou bem
o prato. Repetiu três vezes, todas regadas e voltadas a regar com «Ramalho
Eanes.»”
Rui
1991:51.
ajudante.
s.cd.
|| Balambala.
aka!
interj.
|| O.OC. de Aca!
“– Aka! Um bom assim
com as cabeçadas?... Não precisa m’intrujar só, mano Futa.” Vieira 2000:58.
“– Sa prossora tá
doente. - Doença de Deus! Aka!…” Macedo 1977:28.
“Aka, maninho! Parece
interessante. Ele poderia confirmar a história de que as pessoas sonham comigo…” Agualusa 2017:141.
aká.
pop. s.f. ||
Espingarda-metralhadora de fabrico soviético, com a denominação técnica AK47.
“Dia 1 de Maio, dia internacional do trabalhador:
quase não havia barulho na minha rua, só alguns gatos, os guardas da casa do
Jika iam-se deitar, pousavam as akás no chão, lavavam-se ali numa torneira no
jardim de trás.” Ondjaki
2007:58.
ako.
adj.
e s.m. ETIM. Haku, kimb. s.(mu-, a-). || O.OC. de Aco. Designação
por que é também conhecido o povo Haco, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o
seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a
esse povo ou reg. [Redinha
1970].
akuá.
kimb.
adj.(mu, a-). vd. Akuá-Angola, Akuá-Ndongo, Akuá-Sonhi. || Nome que significa
origem, procedência, naturalidade. [Assis Jr.].
akuá-angola.
kimb.
Akuá, adj.(mu, a-), nome que
significa origem, procedência, naturalidade, + Ngola, s.(-, ji-), Angola [Assis Jr.]. || Designação por que é também
conhecido o povo Ambundo, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o seu dialeto,
da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a esse povo ou
reg. [Redinha
1970].
akuá-a-ngola, akuá-ngola.
kimb.
Akuá, adj.(mu, a-), nome que
significa origem, procedência, naturalidade, + Ngola, s.(-, ji-), Angola [Assis Jr.]. || Designações por que é também
conhecido o povo Angola, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o seu dialeto,
da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a esse povo ou
reg. [Redinha
1970].
akuábambara.
kimb.
Akuá, adj.(mu-, a-), nome que
significa origem, procedência, naturalidade [Assis Jr.], + Mbambara, kimb. s.(-, ji-). || Bambeiro [Ribas 1997]. || mq. Aqua-Bambara.
akuá -ndongo.
kimb.
Akuá, adj. e s.(mu, a-), nome que
significa origem, procedência, naturalidade, + Ndongo, s.(-, ji-), Reino do Dongo [Matta]. || Designação por que é também
conhecido o povo Angola, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o seu dialeto,
da língua do mn. Esta designação diz respeito à reg. da bacia do Uamba-Cuango,
Luanda e Calandula. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a esse povo
ou reg. [Redinha
1970].
akuá -kisama.
kimb.
Akuá, adj. e s.(mu, a-), nome que
significa origem, procedência, naturalidade, + Kisama/ss/, kimb. s.(ki-, i-). || Designação por que é também
conhecido o povo Quissama, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o seu dialeto,
da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a esse povo ou
reg. [Redinha
1970].
akuá-lubolo.
kimb.
Akuá, adj. e s.(mu, a-), nome que
significa origem, procedência, naturalidade, + Lubólo, kimb. povoação da prov.
do Cuanza-Sul. [Assis
Jr.]. ||
Designação por que é também conhecido o povo Libolo, do grupo etnolinguístico
Quimbundo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence
ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
akuá-sonhi.
kimb.
adj. pl. de Mukuâ-sonhi. ||
Cerimoniosos, Envergonhados, Púdicos, Tímidos. [Matta].
“Mulher do mato, de
franqueza rasgada para todos os manos e manas que são toda a gente do seu
bairro, Júlia dava tudo, vinho abafado para os akua-sonhi, mesa à parte para os
muari-ia-kimi.”
Macedo
1.70.
ala!
kimb.
interj. portg. corr. de Ora! [Matta]. O.OC. Ara! || Expressão
de enfado, desprezo ou repugnância. Ora!
alambada.
adj.
e s.f. || impr. de Alembada.
alambamentada.
adj.
e s.f. || impr. de Alembamentada.
alambamentar.
v.
tr. || impr. de Alembamentar.
alambamento.
s.m.
|| impr. de Alembamento.
“ – Adorável
vendedeira / de ananases e goiabas, / eu quero ter a maneira / de podermos
combinar / o que queres de alambamento / para contigo falar […]” Cruz 2004:32.
alarde.
s.m.
|| Funza.
alaridos.
s.m.
pl. || Jingololo.
albino.
Albizia
odoratissima.
lat.
s. || Acácia-sira.
alçar.
v.tr.
e refl. || Zangular.
aldeia.
s.
f. || Banza, buala, embala, éumbo, ganda, libata, quimbo, sanzala.
aldeola.
s.f.
|| Bicanjo.
aldraba.
gir. s. cd. e f. || Aldrabice, mentira, patranha. Aldrabão,
mentiroso.
“Agora
estas moças deste tempo elas é que escolhem. Só lembram pais se saiu aldraba.” Macedo
1977:10.
aldrabice.
s.f.
|| Aldraba, bugue.
aldrabão.
s.m.
|| Aldraba.
aldrabar.
v.
tr. || Bugar.
alecrim-das-paredes.
s.m.
|| Undembe.
alegria.
s.f.
|| interj. de a.: Aca! Aiué!
além.
s.m.
|| Calunga.
alembada.
adj.
e s.f. O.OC.
Alambada. || mq. Alembamentada.
“Neste caso, era
Luzia que expressava a voz da tradição, onde já se viu marido ofendido perdoar
a fuga duma mulher alembada, mesmo se não completamente, pois ficara a dever os
cabritos?”
Pepetela
2010:175.
“A frase ficou na
cabeça de João Evangelista e alguns anos depois de casados ganhou cada vez mais
importância no seu imaginário. Até que ponto não tinha sido ele o alembado?” Pepetela 2001:13.
alembamentada.
adj.
e s.f. O.OC. Alembada,
Alambamentada. || Aquela que beneficiou de alembamento ou a quem foi dado
alembamento. É praticamente inexistente o termo no m. ou, no mínimo, incongruente,
uma vez que, pela tradição, é a mulher o sujeito do alembamento.
“Mas que, felizmente,
o tirano havia atravessado o canal, para as bandas do tal quilómetro dezassete
e por mor de uma maka a resolver, descabaçamento da filha sem ter sido
alembamentada.”
Rui
1999:51.
alembamentar.
v.
tr. O.OC. Alambamentar,
Lembamentar. SIN. Alembar. ||
Conceder, cumprir ou prestar o alembamento.
s.m.
ETIM. Lembu, kimb. s.(ki-, i-), presente de
noivado, dádiva, mimo, o que o noivo oferece à família da noiva pelo seu
casamento [Assis
Jr.].
Tributo de honra prestado pelo noivo à família da Noiva [Ribas]. O.OC. Alambamento,
Lembamento. SIN. Camalongo, Sompa.
|| ETNO. Dote do noivo à
família da noiva, regra geral em gado e outros animais domésticos, vestes,
mantimentos ou dinheiro. O alembamento, condição fundamental para tramitação do
noivado, é tratado entre as famílias dos nubentes, mesmo não se tratando do
primeiro matrimónio. As regras e procedimentos variam de etnia para etnia mas,
princípio universal, a família da noiva obriga-se a devolvê-lo caso não se
verifique a consumação do casamento ou em caso de divórcio. Entre os Cuvales a
família do pretendente, antes do casamento, terá que pagar à família da nubente
o dote constituído por quatro cabeças de gado [Estermann 1961:73]. Entre os Nhanecas o
ato de casamento está dependente da entrega, pelo pai do noivo ou pelo próprio
noivo, a seu sogro, de um boi, entrega que pode ser anterior ou posterior à
mudança de domicílio da noiva e transporte dos seus haveres [Estermann 1957:94]. Entre os Quilengues
a regra geral é a entrega de um boi, pelo marido à tia paterna da esposa,
depois da primeira colheita [Estermann 1957:95]. O costume geral do dote em forma de uma ou
mais cabeças de gado, pago à família da rapariga, não é praticado pelos Handas,
Quilengues-Humbes e Quipungos. Entre estes povos o noivo, ou o seu pai, dão
alguns pequenos presentes ao pai ou ao tio da rapariga, conforme o boi para a
festa de efico tenha sido fornecido por este ou por aquele [Estermann 1957:95]. Entre os Ambós,
antes de a rapariga iniciar a segunda fase da cerimónia de nubilidade, o noivo
deve entregar o alembamento estipulado: um boi para o pai da noiva e quatro
enxadas para a mãe; este último número pode ser dobrado, sendo contempladas
também as tias e a rapariga que fez de aia da festejada na cerimónia de
nubilidade [Estermann
1956:90].
Nas tribos em que o alembamento tenha sido pago em gado, o marido abandonado
tem direito a ser indemnizado, mas terá que esperar até que um novo pretendente
da mulher separada se declare disposto a efetuar o pagamento [Estermann 1957:100].
“A questão era muito
mais complicada se metesse adultério, embora fosse difícil haver questão mais
complicada que esta porque, se a mulher abandona o marido, a família tem de
devolver tudo o que recebeu de alembamento.” Pepetela 2010:125.
alembar.
v.tr.
O.LING. Sompa, kik. [Cobe]. || mq. Alembamentar.
alfaiate.
s.m.
|| Tubarão. Crocodilo, jacaré. fig. Feiticeiro. Ocultista.
alfobre.
s.m.
|| Mubango.
alienado.
adj.
e s.m. || Bassaruca. Dilaji.
alívio.
s.m.
|| interj. de a.: Aca!
alma.
s.f. || Moio.
alma.
sf.
|| a. do outro mundo, a. penada: Canzumbi, Déle, Dumba-ia-munto,
Quilulo.
almeidina.
s.f. || Espécie de borracha, de cor branca,
também conhecida por borracha branca de
Moçamedes, preparada a partir do látex da cassuneira. A designação deve-se
ao nome de João Duarte de Almeida, o seu introdutor em Angola.
almoço-jantarada.
s.m. || A única refeição de que a população
mais desfavorecida usufrui, ainda hoje, para além do matabicho, representando a
acumulação do almoço e do jantar. Toma-se ao fim da tarde, depois do horário de
trabalho.
almofada.
s.f. || Apoia-nuca.
alparca.
s.f. || Noncaco.
alpercata.
s.f.
|| Noncaco.
altercação.
s.f.
|| Maca.
alucinação.
s.f.
|| Xinguilamento.
amá.
kimb.
pron. dem. pl. || Designativo das coisas que estão presentes ou próximas de
quem fala [Assis
Júnior].
|| Estes, Estas.
“Clemente falando
doutoralmente então bêbado coitado Dom Fato Preto pra quê lhe complicarem amá
esses políticos mesmo que política deles é só vomitarem todas páginas são
muitas vezes avessas dos livros donde apanharam congestão de universidade.” Macedo 1977.135.
amaldiçoar.
v.tr.
|| fig. Bungular .
amancebar-se.
v.
refl. v. Se. || Amigar.
amante.
s.cd.
|| Baxi.2.
amaranto.
s.m.
|| Jimboa.
amargura.
s.f.
|| Jingongo. Malamba.
amaricado.
adj.
|| Amucunheirado.
amarrar a chuva.
loc.v.
O.OC, Agarrar a chuva. ANTON. Desamarrar a chuva.
|| Impedir ou suspender a queda da chuva, por bruxaria ou poderes mágicos.
“O que eles não sabem
é que um feiticeiro da chuva de uma terra não pode amarrar a chuva noutra
terra.”
Rui
1999:347.
amatetado.
adj.
||1. Com a consistência
do matete. ||2. fig. Fraco, frágil,
indolente, mole.
amatumbado.
adj.
|| Com comportamento de matumbo. Acanhado, bruto, envergonhado.
v.
intr. tr. e refl. || Proceder como matumbo, tornar matumbo. Aparolar, atacanhar.
ambaca.
adj.
e geon. ETIM. adap. de Mbaka,
kimb. s.(-, ji-), comitiva, multidão, povo, lugar onde habita ou reside
muita gente, cidade, capital, sede de distrito ou de província; território
situado entre Cambambe, Golungo e Malanje [Assis Jr.], fortaleza, paliçada, multidão [Matta]. O.OC. Ambaka. ||1. HIST. Antiga reg. do
Reino do Dongo, que compreendia os atuais Cazengo, Golungo Alto e Lucala,
importante mercado e entreposto de escravos durante o séc. XVII. ||2. adj. e geon.
Município da prov. do Cuanza-Norte, constituído pelas comunas de Camabatela
(sede), Bindo, Luínga, Maúa e Tango. O município ocupa uma área de 3.080 km2
para uma população estimada de 55.432 hab., o que representa uma dens. de 18
hab./km2 [MAT
2001]. A
população vive da agricultura (cereais e café) e da pecuária. ||3. adj. e geon. Gentílico:
Ambaquista. Povo do grupo etnolinguístico Quimbundo e o seu dialeto, da língua
do mn. O nat., o hab. ou o que
pertence ou se refere a esse povo ou reg., do Cazengo, Golungo Alto e Lucala. [Redinha 1970]. ||4. batalha de a.
HIST. Em 1617 os
portugueses construíram uma fortaleza junto ao rio Lucala, que gerou grande
controvérsia, uma vez que os Angolas não aceitaram essa construção militar
naquela zona. As posições extremaram-se e, em 1618, travou-se a Batalha de Ambaca, entre o
exército de Luanda e o de Mbandi a Ngola. Depois de vitórias e derrotas de
parte a parte, o exército de Luanda acabou por vencer com o apoio dos sobas
Jaga, Donga e Kasa.
“Roberto Santa-Maria, escriturário natural de
Ambaca, vinha de visitar a noiva nos penedos de Pungo-Andongo, quando de repente
sentiu o chão dissolver-se debaixo de si e caiu, caiu, caiu, ininterruptamente
e longamente, numa queda que parecia não ter fim.” Agualusa 2010b:107.
ambaka.
adj.
e s.cd. ETIM. adap. de Mbaka,
kimb. s.(-, ji-), || O.OC. de Ambaca.
“Mando-lhe, escritas
pelo meu secretário, que aliás pertence ao seu povo (é de Ambaka) as medidas
necessárias para uma viagem tranquila.” Tavares 2004:60.
ambakista.
adj.
e s. cd. || O.OC. de Ambaquista.
“Ficaram três dias na
povoação do Dondo aguardando por uma kibuka que se formava para rumar à Lunda e
chefiada pelo ambakista Elias Mendonça a quem Calabaza solicitara que deixasse
Justino e os seus companheiros viajar na sua companhia.” Coelho 2010:120.
ambala.
s.f.
|| O.OC. de Embala.
ambaquista.
adj. e s.cd. O.OC. Ambakista. ||1. O nat., o hab. ou o que pertence ou se
refere a Ambaca. SIN. Ambaca. ||2. Indivíduo letrado
da região de Ambaca, muito requisitado como secretário e conselheiro dos sobas
e comerciantes iletrados. ||3.
fig. Aquele que reclama constantemente; reclamante.
“E nas terras em
redor e por sertões dentro, no Cuilo, Luremo, Lubalo e outras de que só os
velhos se lembram, eram em grande número as feitorias comerciais dos brancos, mulatos e negros ambaquistas, aviados das grandes casas comerciais de
Malanje e Luanda.” Soromento
2001:45.
“O arquivo dos
ambaquistas, de que se tem notícia e reportaria aos sécs. XVII a XIX, foi-lhes
retirado, pelas autoridades coloniais, no século passado, e «perdeu-se», em
Luanda, por deterioração.” Coelho
2010:7.
ambo, ambó.
adj.
e s.cd. ETIM. adap. de Ambo, her. s.(omu-, ova-), ms. SIN. Cuanhama. ||1. Grupo
etnolinguístico, em tempos recuados conhecido por Banctubas, de língua Cuanhama
(Oxikwanhama), que se distribui pela província angolana do Cunene e pela região
de Ovambo, no N da Namíbia. HIST. No séc. XVIII os Ovambos do Baixo Okavango abandonaram
as suas terras e estabeleceram-se em Angola, entre o Alto Cubango (nome que o
rio toma em Angola) e o Cunene. Os Hereros da Namíbia chamam aos seus vizinhos
do norte Ovambo. Esta designação, que se aplica corretamente à gente da tribo
Donga (da Namíbia), estendeu-se a todo o grupo; os próprios Ambós desconhecem
este apelido, mas é a designação que a etnologia consagrou. [Estermann 1956:65]. Distribui-se pela
província angolana do Cunene e pela região de Ovambo no N da Namíbia; “só uns
20% dos Cuanhamas, 63.000, residem em Angola e os restantes 320.000 no Sudoeste
Africano; mas a antiga capital Njiva, hoje Pereira D’Eça, fica em Angola.
Assim, todos os habitantes deste mundo têm laços com Angola.” Vem daí a importância ancestral da parte angolana.” [Neves 1974:79]. Compreende, em
Angola, os povos Cafima, Cuamato, Cuangar, Cuanhama, Dombondola e Evale [Redinha 1962]. Vivem da agricultura e criação de
gado, são bons caçadores e hábeis cavaleiros. Desenvolveram a prática de
forjaria em latão e ferro, o que se nota pelos adornos pessoais. São também
exímios oleiros mas a sua máxima manifestação cultural é a literatura
tradicional: destaca-se a poesia, nos géneros lírico, heroico, guerreiro e
religioso. ||2. O nat., o hab. ou o
que pertence ou se refere a esse povo ou região.
amboim.
s.m.
e c.d. || Form. oficialmente consagrada mas impr.
de Ambuim.
“Por baixo das
árvores-sombra, um cheiro espesso de luz,
pólen e mel escorre e lava as montanhas do Amboim.” Tavares 2004:87.
ambriz.
s.m.
|| Vila e porto de pesca, munic. da
província do Bengo, constituído pelas com. de Ambriz (sede), Bela Vista e Tabi.
O munic. tem a área de 4.204 km2 para uma população de 17.000 hab., o que
representa uma densidade de 4,04 hab/km2 [MAT 2002], maioritariamente bacongos mas que inclui
também quimbundos e ovimbundos. A principal atividade económica é a pesca mas
teve, até 1992, uma plataforma de exploração de petróleo e gás.
“O seu bom serviço e
aptidões valeram-lhe ser promovido a escriturário, e, em mil oitocentos e
cinquenta e sete, era despachado para o lugar de escrivão da Junta de Fazenda,
no distrito de Ambriz.” Agualusa
2010b:96.
ambrizete.
top.m.
|| a.top. de Nzeto.
ambuela.
adj.
e s.cd. ETIM. Mbwela, gang. s.(mu-, va-) ms. ||1. Povo do grupo
etnolinguístico Ganguela e o seu dialeto, da língua Txinganguela. ||2. a.-mambunda:
povo do grupo etnolinguístico Ganguela e o seu dialeto, da língua Txinganguela.
||3. O nat., o hab. ou o
que pertence ou se refere a esses povos ou reg.
ambuíla.
s.m. ETIM. Mbwila,
kik., s.(mu-, a-), ms. O.OC. Ambwila. ||1. Vila, também
designada Nova Caipemba e munic. da prov. do Uije, compreendendo as com. de
Nova Ambuíla (sede) e Quipedro. O munic.
tem a área de 4.799 km2 e cerca de 17.000 hab., o que representa a densidade de
3,54 hab./km2. Fez parte do Reino do Congo e foi colonizada a partir de 1625.
||2. HIST. A batalha de a.
marcou o início do fim da independência do Reino do Congo. Em 1656 Mvita a Nkanga,
D. António I do Congo, desagradado com as tréguas que a rainha Jinga, mentora
da II Coligação, acordara com os portugueses, atacou, a 29 de Outubro, o
exército colonial com cerca de 20.000 africanos e 29 portugueses que viviam no
reino, chefiados por Pedro Dias Cabral. O exército português era composto por
perto de 15.000 homens, onde se incluíam africanos, entre eles Jagas, mas com
um poder de fogo muito superior ao dos congueses. O local exato da batalha não
está perfeitamente definido, admitindo-se que tenha sido no vale do rio Lueje,
no dembo de Ambuíla. O exército do Congo foi completamente desbaratado, o filho
do rei, de 7 anos de idade, capturado, D. António morto e decapitado. A sua
cabeça foi depositada na Capela de Nossa Senhora da Nazaré, em Luanda e a coroa
e cetro reais enviados para Lisboa. D. Isabel, regente do dembo, jurou
vassalagem a Portugal e no Reino do Congo, na ausência de um herdeiro direto,
iniciou-se uma guerra pela sucessão que iria durar cerca de 50 anos.
“Como
um dos voadores improvisados era uma madre, que aterrou de sotainas e tudo,
muitos suspeitaram de milagre. Um nacionalista despeitado logo ali lembrou,
esta terra é muito pouco beneficiada com milagres. Que se saiba, só houve o da
batalha de Ambuíla, em que o Rei do Kongo foi derrotado e de cabeça decepada,
por obra da Virgem Maria que comandou em pessoa o exército português,
actividade muito vulgar naquela Santa e seu filho, a crer nas estórias de
Portugal que nos impingiram na escola colonial.” Pepetela 2001:11.
“O
clube que eu pertenço no Musseque e joga no campo dos Ambuílas ganha quase
sempre, porque os nossos jogadores costumam pôr mabunda nas meias e nos nastros
dos calções, ou você pensa que o feitiço é para brincadeira?!” Xitu 2008:57.
ambuim.
adj. e s.m. ETIM. Mbui,
umb. s.(-, va-). O.OC. Amboim. vd. Porto
Ambuim. ||1. HIST. fortaleza do a.:
Entre 1584 e 1587 Paulo Dias de Novais mandou construir um presídio militar no
morro do Quissonde, onde existiu a aldeia do mesmo nome e que deu origem a
Porto Ambuim. Sobre as ruínas desse presídio foi posteriormente construído um
farol. No séc. XIX foi edificado um forte, atualmente em ruínas. ||2. Povo Vambui do
grupo etnolinguístico Ovimbundo e o seu dialeto, da língua Umbundo. ||3. O nat., o hab. ou o
que pertence ou se refere a esse povo ou reg. SIN. Ambuíno. ||4. Munic. da prov. do
Cuanza-Sul, com sede na cidade da Gabela,
constituído pelas com. de Gabela e Assango. Ocupa uma área de 1.730 km2, para
uma população estimada de 156.356 hab., o que representa uma dens. de 90,4
hab./km2. [MAT
2002].
ambuíno.
adj. e s.m. SIN. Ambuim. || O nat., o hab. ou o que pertence
ou se refere a Ambuim.
ambunda.
s.f.
ETIM. Ambúndu, kimb. s.(mu-, a-), negros,
indivíduos de raça negra [Assis
Jr.& Matta].
|| Designação por que é também conhecido o povo Ambundo, do grupo etnolinguístico
Quimbundo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence
ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
ambundo.
s.m.
ETIM. adap. de Ambúndu, kimb. s.(mu-, a-), negros, indivíduos
de raça negra [Assis
Jr.& Matta].
|| Povo, também chamado Abonde, Abunda, Akuá-Angola, Ambunda, Ambungo, Bónde e
Ngola, do antigo Reino de Ngola ou Dongo, do grupo etnolinguístico Quimbundo e
o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a
esse povo ou reg. [Redinha
1970].
“Foi nesse momento que viu os antigos
companheiros da tropa acocorados no largo. Mas eles não o viram, cabeças
inclinadas para o peito, olhos fechados, ali à torreira, as peles de antílope
ou onça a cobri-los da cintura aos joelhos, o resto do corpo nu, um fio ao
pescoço com amuletos ambundos e medalhas de santos católicos, o suor a
borbulhar no dorso untado de barro vermelho amassado em rícino.” Soromenho 1979:80.
“Falar era contar
histórias. O vocabulário ambundo do Zé Matias era pobre. Recorria à mímica e
fartava-se de gesticular, procurando dar vida aos contos do Capuchinho Vermelho
ou da Gata Borralheira.” Trabulo
2007:80.
ambúndu.
kimb.
s.(mu-, a-). || Abonde. Abunda. Ambundo.
ambungo.
s.m.
ETIM. Ambúndu, kimb. s.(mu-, a-), negros,
indivíduos de raça negra [Assis
Jr.& Matta].
|| Designação (cf. “documentos do rei conguês D. Afonso”) por que é também
conhecido o povo Ambundo, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o seu dialeto,
da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a esse povo ou
reg. [Redinha
1970].
ambwila.
s.m.
|| O.OC. de Ambuíla.
“Se Paka, agora
reconciliado com a política belicista, tivesse sabido reconciliar-se também com
a natureza humana do símbolo vivo do Antonismo, teria podido, naquele
momento, iniciar a organização do maior
exército do Kongo, o maior de todos os tempos, maior ainda que o da Batalha de
Ambwíla onde dizem, por mero entusiasmo ficcionista, morreram 100.000
guerreiros, o que não é certamente verdade.” Abranches 1996:296.
s.f.
|| Fruto da amendoeira-da-índia, também designado figo. É uma drupa carnuda
elipsoide de 5-7cm de c. e 4cm de l., que se torna verde-arroxeada na altura da
maturação. É um fruto ácido, comestível mas não muito apreciado.
s.f.
|| TAX. Plantae, Magnoliopsida, Myrtales,
Combretaceae, Terminalia catappa L., syn. Badamia
commersonii, Buceras catappa, Juglans catappa, Myrobalanus catappa, Terminalia
badamia, T. intermedia, T. latifólia, T. molucana, T. myrobalana,
T. ovatifolia, T. paraensis, T. rubrigemmis,
T. subcordata [ITIS, Plant List]. BOT. A amendoeira-da-índia, típica das reg.
tropicais, também conhecida por amendoeira-tropical, amendoeira-selvagem e
chapéu de sol (br.), é uma árvore caducifólia da família, introduzida em
Angola, que atinge entre 25 e 35 m de a. As folhas, obovais, com 20-25cm de c.
e 11-15cm de l., de coloração verde lustrosa e avermelhadas na altura da
maturação, são pubescentes enquanto jovens tornando-se depois glabras e apresentam-se dispostas em espiral. As
inflorescências, axilares, apresentam inúmeras flores apétalas de cálice
branco. O fruto é conhecido por amêndoa ou figo. UTIL. É muito utilizada como árvore ornamental
uma vez que se dá bem em reg. litorais e, por tal motivo, também designada
amendoeira-da-praia. A madeira, de cerne vermelho e bastante sólida, é
resistente à água, motivo pelo qual se emprega na construção de dongos. [Prota4U].
amendoim.
s.m.
|| Jinguba.
amiga.
s.f.
|| Amante: concubina de homem casado. Companheira de homem solteiro, que com
ele coabita.
amiganço.
s.m.
||1. União conjugal não
“legalizada”. Concubinato. ||2.
Matrimónio segundo o direito consuetudinário. Entre os povos angolanos, “o homem,
segundo o seu direito tradicional, pode matrimoniar-se com as mulheres que
entender – umas, arranjadas por si; outras, pelas próprias consortes. Conforme
a dignidade e os haveres, assim varia a quantidade. Deste modo, os sobas e
grandes senhores possuem elevado número de esposas, chegando alguns a atingir a
bonita soma de 40! Posto que a mais antiga assuma uma certa superioridade sobre
as restantes, todas elas, no entanto, gozam das mesmas prerrogativas. Entre as
camadas baixas, qualquer delas igualmente recebe, por parte dos filhos das
outras, o tratamento de mãe. Mas, nas
esferas um pouco mais evoluídas, onde a poligamia também não deixa de ser
seguida, embora moderadamente, o tratamento é de tia. (v. Mãe-a-kota).
Conubiando-se ele com várias mulheres, a ideia que logo acode ao espírito é a
de forte sensualidade. Ainda que seja em parte, a verdade é que outro
imperativo, ainda mais poderoso que aquele, se sobrepõe às suas necessidades vitais:
- a consecução de elementos de trabalho. É que é a mulher, além dos habituais
serviços domésticos, quem explora a lavoura, quer na sementeira, quer na
colheita, quer na transformação dos seus produtos, ao passo que ele se entrega
a outras ocupações, como caça, pesca, construção e arranjo de cubaras, e isto
quando não trabalha por conta alheia. Através da poligamia, realiza o homem,
pois, a sua acção económica. Os alembamentos que despende para o enlace,
actualmente bastante pesados, montando a uns cinco contos no mato e ilhas de Luanda,
são depois largamente compensados com o produto de seu trabalho. Em resultado,
a poligamia, acima de tudo, representa o factor básico da sua economia.” [Ribas 1997:6].
amigar.
v.
intr. e refl. v. Se. || Unir-se
conjugalmenre por laços “ilegítimos”. Amancebar-se. Casar segundo o direito
consuetudinário.
s.m.
|| Avilo, Camba.
amo.
s.m.
|| Fumu.
amolecer.
v.intr. e tr. || Axiúetar, Axoúetar.
amolecido.
adj.
|| Axiúetado, axoúetado. Botomona.
amorenado.
adj. || Abaçanado. Caboclo. Mulato. Moreno,
trigueiro.
amucunheirado.
adj.
||1. Com propósitos ou
comportamento de mucunheiro; amaricado, efeminado. ||2. fig. Brando, fraco,
mole.
amuim.
s.m.
ETIM. Amuiyi, umb. s.(e-, a-), ms. [Daniel]. || Maboque.
amulecado.
adj.
||1. Com comportamento e
atitudes de muleque. ||2. fig. Adulador,
bajulador, servil, subserviente.
amulecar.
v.intr.
tr. e refl. ||1. Proceder como
criado ou muleque. Tornar muleque. ||2. fig. Tomar comportamento servil ou
subserviente.
amuiyi.
umb.
s.(e-, a-). || Amuim.
ana de sousa, d. [img.]
antrop.f.
|| Nome cristão de Njinga Mbandi.
“Dois tigres, e
outros distúrbios bizarros, que sucederam na cidade de São Paulo da Assunção,
após a morte de Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga, aos oitenta e três anos, no
dia 17 de Dezembro de 1663.” Agualusa 2010a:25.
s.m.
ETIM. Naná, tupi s. ms. O.LING. kimb. Nanaji, s.(-, ji-), [Assis Jr.]. || TAX. Plantae,
Magnoliopsida , Poales, Bromeliaceae, Ananas
comosus (L.) Merr., syn. A. ananas,
A. argentata, A. aurata, A. bracteatus, A. coccineus, A. debilis, A.
lyman-smithii, A. maxima, A. monstrosus, A. ovatus, A. pancheanus, A.
penangensis, A. porteanus, A. pyramidalis, A. sativa, A. sativus, A. serotinus,
A. viridis, Ananassa ananas, A. debilis, A. monstrosa, A. porteana, A. sativa,
Bromelia ananas, B. communis, B. edulis, B. mai-pouri, B. pigna, B. rubra, B.
violácea, B. viridis, Distiacanthus communis [ITIS, Plant List]. BOT. O ananás, é uma
planta da família das Bromeliáceas e o seu fruto, de que o abacaxi é a
variedade mais comum. É semiperene, alcança 1m de a., produz de início um único
fruto, situado no ápice mas, com a ramificação lateral, surgem outros, fazendo
com que a sua produção se prolongue por vários anos. Apresenta essencialmente
raízes fasciculadas superficiais, talo em forma de clava curta e grossa, folhas
com espinhos inseridas no talo em calha, inflorescência em espiga localizada na
axila de uma bráctea e fruto, unido ao
talo por um pedúnculo, de sabor ácido e adocicado, quando maduro. O fruto é encimado por uma coroa de folhas e
a sua casca, de aspeto gomoso, resulta da reunião das brácteas e sépalas das
flores e os pseudo-espinhos que surgem em cada gomo são vestígios do estilete. ECO. Originário da
América tropical e subtropical, ao que se pensa do N do Rio Amazonas. Dá-se em
qualquer tipo de solo mas prefere terra leve rica em nutrientes. HIST. Foi descoberto por
Colombo em Guadalupe no séc. XV e globalizado a partir dessa altura. UTIL. O fruto é consumido
ao natural ou em calda e muito usado em salada de frutos. Em culinária
adiciona-se a polpa aos pratos de carne, como suavizante. É industrializado em
aguardentes, cremes, cristalização, geleias, licores, sorvetes, sumos,
vinagres, vinhos, xaropes e muito utilizado em pastelaria. Com os subprodutos
da industrialização produzem-se ainda ácidos (ascórbico, cítrico e málico),
álcool e bromelina (utilizada em farmacologia) e aproveitam-se as fibras e
amidos. É uma boa fonte de vitaminas A, B1 e C.
“Tem mato que chega
para lenha e corte de madeira. Laranjeiras, limoeiros, abacateiros, ananás,
papaia, morangos, de legumes tem tudo.” Rui 2017:45.
Ananas comosus.
lat. s. || Ananás. Abacaxi.
ancião.
adj. e s.m. || Cota, Mais-velho,
Seculo.
anda.1
s.f.
e kwa. s.(e-, oma-). || Grande cesto entrançado, utilizado como celeiro
rudimentar.
anda.2
adj.
e s.cd. e umb. s.(omu-, oma-). O.OC. Muanda. ||1. O nat., o hab. ou o que pertence ou se
refere à Anda, da reg. de Caconda, prov. da Huila. ||2. Povo dessa reg., do
grupo etnolinguística Ovimbundo e o seu dialeto, da língua Umbundo.
andaca.
s.f.
ETIM. adap. de Ondaka, umb. s.(o-, olo-), ação, ato,
pleito [Daniel]. O.OC. Endaca. SIN. Maca. || Assunto,
conversa, novidade; discórdia, litígio, questão, zanga.
andar.
v.intr.
e tr. || a. arrastando os pés:
Xacatar.
andorinha.
s.f.
|| Piápia.
andorinhão.
s.m.
|| Piàpia.
s.f.
ETIM. Ndúa, kimb. s.(-, ji-), género de aves
tipo das musofagidas, musófago, ave cuja cauda é da cor do sangue [Assis Jr.]. SIN. Anduva. || TAX. Animalia, Aves, Musophagiformes,
Musophagidae, Tauraco erythrolophus (Vieillot, 1819), syn. Proturacus erythrolophus. [ITIS]. ZOO. A andua, turaco-de-Angola ou turaco-de-crista-vermelha (CITES II, IUCN LC), também conhecida
por musófago, é uma ave não-migrante, com 40-45cm de c. A designação específica
advém das penas vermelho-escarlates da crista; as da face são brancas e as do
peito e garganta verdes; a parte superior das asas é verde ou azul-esverdeada e
as extremidades (rémiges primárias) vermelho-arroxeadas ou escarlates. As
pálpebras são vermelhas, bem como os olhos, e o bico amarelo. As cores do macho
são mais vistosas do que as da fêmea. ECO. É endémica de Angola e ocorre
principalmente nas prov. de Uije, Malanje (Quedas de Kalandula), Luanda
(Quissama), Cuanza-Norte (Camabatela), Cuanza-Sul (Gabela) e Benguela
(Chongoroi). Vive em florestas, matas e savanas, em pequenos grupos ou em
casal. Alimenta-se de frutos e sementes durante o dia. O ritual de acasalamento
ocorre nas árvores, onde o macho persegue a fêmea: eriça a crista e abre as
asas para exibir o colorido das rémiges. A postura é de dois ovos, postos numa
plataforma construída entre os ramos das árvores. O período de incubação, em
que ambos os membros do casal colaboram, é de 25 dias e as crias são totalmente
dependentes dos pais durante as primeiras semanas de vida. São seus principais
predadores, para além do Homem, as aves de rapina, os babuínos, os répteis, a
civeta e o serval. [BirdLife, Lack, Lepage, Turaco, Turner, Wice, Wiki.pt].
“Portanto, vou ao
encontro das anduas levado por um Beija-Flor.” Agualusa 2010a:177.
andulo.
adj.
e s.m. ETIM. Ndulu, umb. s.(o-. olo-). ||1. Reino do Planalto
Central, formado em 1671 pelo chefe jaga Kaketulu-Mengu. ||2. Povo do grupo
etnolinguístico Ovimbundo e o seu dialeto, da língua Umbundo. ||3. Vila e sede do
munic. homónimo, da prov. do Bié, com a área de 10.316 km2 para uma população
de 283.262 hab., o que representa uma dens. de 27,45 hab./km2 [MAT 2002]. A população é
essencialmente agrícola – batata rena, batata doce, feijão, mandioca, trigo,
arroz e café. ||4. O nat., o hab. ou o
que pertence ou se refere a esse povo ou reg.
“O tipo da Lusa
disse-me também que esteve no Andulo; o branco responsável pela manutenção da
pista contou-lhe que um OVNI, com quatrocentos metros de diâmetro, flutuou
algum tempo por ali, ao fim da tarde, pouco antes da tempestade.” Agualusa 2017:48.
anduva.
s.f.
ETIM. Nduva, nhan. s.(o-, ono-), pássaro [Bonnefouxl] e umb. s.(o-, olo-),
espécie de ave da família dos piriquitos com uma bela crista [Daniel]. O.OC. Onduva. || mq. Andua.
anga.
kimb. adv. ||1. Ainda
que.||2. anga anji, anga
hanji: Antes.
“Tentativa
premeditada de homicídio frustrado, anga hanji: tentativa de homicídio
frustrado, isto é : premeditada tentativa de homicídio – que eu queria mesmo
matar a minha barona a frio-sangue, passarinho aleijado só, para lhe pendurar
no cinto se torce-lhe o pescoço, o que me incrimina a alínea.” Vieira7:35.
angaje.
s.cd.
ETIM. adap. de Ngaji, kimb. s.(-, ji-), ms. [Ribas]. || Designação por
que é também conhecido o povo Dembo, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o
seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a
esse povo ou reg. (Dembos, ao N do rio Cuanza) [Redinha 1970].
angola.1
adj.
e s.f. ETIM. adap. de Ngola, kimb. s.(-, ji-), -), [Assis Jr.]. ||1. Antigo Reino de
Angola, também chamado Dongo. O nat., o hab. ou o que pertencia ou se referia a
esse reino..
angola.2
s.f. ETIM. adap. de Ngola, kimb. s.(-, ji-), [Assis Jr.]. || Povo pertencente ao grupo
etnolinguístico Quimbundo, da reg. de Malanje, a N do rio Cuanza, também
chamado Akuá-a-Ngola ou Akuá-Ngola, Akuá-Ndongo, Dongola, Gola, Jinga, Negola,
Zinga e Zingha, e o seu dialeto, da
língua Quimbundo. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a este povo ou
região [Redinha
1970].
s.f. ETIM. adap. de Ngola, kimb. s.(-, ji-), [Assis Jr.]. || País situado na costa da África
Austral, entre os paralelos 4º 22’ S (Mongo
e Caio Bungo, Cabinda) e 18º 22’ S (Mucusso, Cuando Cubango) e os meridianos
11º 41’ E (Baía dos Tigres, Namibe) e 24º 05’ E (Cazombo, Moxico), com a
capital em Luanda, colonizado por Portugal de 1483 a 11 de Novembro de 1975.
Tem fronteiras com a República do Congo (201Km) a N (Cabinda), com a República
Democrática do Congo (2.511Km) a N e NE, a Leste com a Zâmbia (1.110Km) e com a
Namíbia (1.376Km) a S. Cabinda, um enclave com 7.200 km2, separado do todo
territorial por uma pequena faixa com c.de 60 km de largura, pertencente à R.D.
do Congo, é considerada parte integrante de Angola. OROG. Topograficamente o
território é representado por quatro zonas principais, no sentido O-E: 1.
Planície Litoral de terras baixas, entre 0 e 200m de alt., desde a foz do Zaire
até à foz do Cunene, com uma orla marítima de 1.650 km e cuja parte mais larga
não excede os 150km; em Cabinda, baixa e arenosa ou elevada e rochosa; entre a foz do Zaire e a foz do Cuanza, com
arribas quebradas por areais baixos; da foz do Cuanza à Baía Farta, com arribas
argilosas de baixa alt.; entre a Baía Farta e o Namibe, costa elevada; do
Namibe à foz do Cunene, planície baixa e arenosa com dunas; 2. Subplanalto,
constituindo uma faixa a leste da costa, que se eleva dos 200 aos 1.000m de alt.;
3. Planalto, a zona mais oriental, formada por uma série de mesetas cuja alt.
varia entre 1.200 e 2.100m e que ocupa mais de 60% do território, onde se
encontra a maior alt. de Angola, o Morro do Môco, com 2.620m; 4. Zona Desértica
(Deserto do Namibe), a sul, constituindo grosseiramente a província do Namibe.
2% do território é constituído por terras aráveis, 23% por pântanos e pastagens e 43% por terreno
florestal [Embaixada
Grécia].
HIDR. As particularidades
do relevo determinam as características dos rios angolanos, encontrando-se 4
vertentes hidrográficas: a Atlântica, a do Zaire, a do Zambeze e a do Kalahari
(vd. Apêndice IV). Os rios de Angola,
com exceção do Zaire e do Cuanza (em parte), não são propícios à navegação.
Alguns deles servem de fronteira: o Zaire (com a R. D. do Congo a N), o Cuango
e o Cassai (com a R. D. do Congo a NE), o Zambeze (com a Zâmbia a E), o Cuando
(com a Zâmbia a SE), o Cunene e o Cubango (com a Namíbia a S). O Cuanza é o
maior rio inteiramente angolano. Os rios que nascem na Serra da Chela (Huila),
atravessam o deserto e desaguam na costa atlântica do Namibe (Bentiaba, Bero e
Curoca), são rios temporários caracterizados por grandes enxurradas na época
das chuvas. CLIMA. Dada a sua extensão
- 1.276.700 km2 de superf. - “a diversidade das condições geográficas existentes,
a influência de diversos fatores externos, como a corrente fria de Benguela, o
alísio de SE, as brisas gerais, a exposição oceânica, a proximidade das zonas
das calmas ao Norte”, Angola apresenta uma grande variedade climática - 1.
Clima Tropical Marginal de transição para o Clima Equatorial Litoral: em
Cabinda - calor e humidade intensos, com ventos de SO e SE e duas estações: a
pluviosa de setembro a março e o cacimbo de junho a agosto; floresta compacta e
luxuriante; 2. Clima Tropical Litoral: região costeira, entre o Soio e o S de
Benguela (Cabo de Santa Maria); “no baixo Congo, a orientação dos muitos vales
por onde o vento é canalizado provoca numerosas e bruscas variações de
temperatura, resultando por vezes temperaturas acentuadamente baixas; as chuvas
começam em outubro, decrescem ou param em janeiro e fevereiro e têm o seu
máximo de intensidade em março ou abril, época das cheias, de elevadas
temperaturas e trovoadas, terminando em junho, seguindo-se então a estação do
cacimbo;” Luanda, a região típica do clima tropical litoral, influenciada pelos
ventos predominantes de S-SE, apresenta uma fraca amplitude térmica anual e uma
humidade relativa elevada, com duas estações: de outubro a abril a estação das
chuvas, com uma precipitação média anual de 388mm, trovoadas e temperaturas
elevadas e o cacimbo, entre junho e setembro, com temperaturas mais baixas,
grande humidade e extensos nevoeiros; com o avanço para S encontram-se maiores
variações térmicas, humidade relativa bastante elevada mas chuvas ligeiras; na
reg. costeira de Benguela o clima não é privilegiado, em particular nas
imediações da cidade, cujos terrenos baixos e argilo-siliciosos estão sujeitos
a inundações provenientes das águas vindas das montanhas circundantes,
contando, no entanto, com a ação benéfica da corrente fria de Benguela sobre o
clima; 3. Clima Litoral Subtropical ou Subtemperado (Marginal): região litoral
da prov. do Namibe que, beneficiando ainda da corrente fria de Benguela,
apresenta um clima mesotérmico; do litoral para o interior aumenta o fator de
continentalidade e a pluviosidade; “O Namibe assenta numa vasta planície
arenosa, tem um clima salubre, beneficiado pela corrente marítima dos mares
austrais que corre a costa e provoca um arrefecimento saudável da atmosfera;” 4.
Clima Tropical Continental: “os dados meteorológicos de Mbanza Congo e de
Cuango (NE de Malanje) indicam-nos a existência de climas tropicais
continentais com médias térmicas altas e mais ou menos constantes, elevada
humidade relativa, pluviosidade abundante com dois máximos e dois mínimos”; 5.
Clima Mesotérmico de Altitude: nas reg. planálticas, com clima seco, doce,
temperado e constante; a temperatura máxima na estação quente não excede 20ºC,
à sombra; no inverno pode dar-se a ocorrência de geadas; são zonas típicas
deste clima Bié, Huambo, Lubango e Humpata; 6. Clima de Brisas Continentais: do
litoral para o interior “a influência do fator oceânico diminui e aumenta o da
continentalidade”; à medida que nos afastamos do litoral a pluviosidade
aumenta; “ao passo que junto da costa as chuvas são muito ligeiras, para o
interior chegam a atingir 1.800mm por ano, devido à ação de condensação nas zonas
de altitude”. [P.
Cardoso 1:10-15].
DEMOG. Crê-se que os hab.
primitivos do território tenham sido “de tipo bosquímano, antepassados dos
poucos bosquímanos que ainda hoje habitam o sul de Angola,” não havendo, no
entanto, ciência exata. [Wheeler
& Pélissier].
Outros, pelo contrário, afirmam disso a certeza: “Os primeiros povos que
habitaram Angola na Proto-História não eram de raça negra. Eram de raça
Bochimane ou da raça dos seus antepassados.” [CEA]. A população, estimada em 12.900.000
hab. [2000
Angop],
com uma densidade de 10,1 hab./km2, compreende grupos etnolinguísticos bantos –
Ambós, Ambundos, Bacongos, Ganguelas, Hereros, Lubas, Lunda-Quiocos, Nhanecas,
Ovimbundos e Xindongas, não-negros-e-não-bantos – Khoisan, europeus e mestiços.
O grupo mais numeroso é o dos Ovimbundos, cuja população representa 1/3 do
total do país. Os menos representativos são os povos do grupo Khoisan. A língua
oficial é o Português. A população é maioritariamente Católica (75%) e
Protestante (15%) [Embaixada
Grécia].
ADM. Em Angola vigora um
regime político presidencialista, em que o Presidente da República é igualmente
chefe do Governo, acumulando ainda o poder legislativo e a nomeação do Supremo
Tribunal de Justiça, pelo que não há separação entre os poderes legislativo,
executivo e judicial. A lei-base do atual sistema político é a Constituição
aprovada pela Assembleia Nacional a 27 de Janeiro de 2010. O Governo comporta o
Presidente, um vice-presidente, 2 Ministros de Estado (Chefe da Casa Civil e
Chefe da Casa de Segurança) e outros 33 ministros – Administração do
Território, Administração Pública, Agricultura, Ambiente, Antigos Combatentes e
Veteranos da Pátria, Assistência e Reinserção Social, Construção, Emprego e
Segurança Social, Assuntos Parlamentares, Ciência e Tecnologia, Comércio,
Comunicação Social, Cultura, Defesa Nacional, Economia, Educação, Energia e
Águas, Ensino Superior, Família e Promoção da Mulher, Finanças, Geologia e
Minas, Hotelaria e Turismo, Indústria, Interior, Justiça e Direitos Humanos,
Juventude e Desportos, Pescas, Petróleos, Planeamento e Desenvolvimento
Territorial, Relações Exteriores, Saúde, Telecomunicações e Tecnologias de
Informação, Transportes e Urbanismo e Habitação [Angop]. O país está dividido em 18
províncias – Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Cuando-Cubango, Cuanza-Norte,
Cuanza-Sul, Cunene, Huambo, Huíla, Luanda, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malanje,
Moxico, Namibe, Uíje e Zaire, chefiadas por governadores provinciais nomeados
pelo Presidente da República. Seguem-se, na hierarquia administrativa, o
município e a comuna. ECON. O Kwanza, a moeda
oficial, foi instituído em 1976 e posto a circular a 8 de Janeiro de 1977. O
território é rico em recursos naturais – petróleo, diamantes, minério de ferro,
fosfatos, cobre, feldspato, ouro, bauxite, urânio e recursos marinhos, o que
sempre despertou a cobiça estrangeira. Dados económicos mais relevantes:
Crescimento do PIB - 9% (2002), PIB per Capita - USD 800,00 (2002), Mão-de-Obra
- 5.000.000 (1997), Taxa de Inflação - 12% (2006), Exportação - USD 8,5 biliões
(Principais exportações: petróleo, diamantes, pescado e derivados, madeira e
café; Parceiros comerciais: EUA – 44,2% -, China – 18,7% -, França - 9% -,
Bélgica - 8,8% - e Espanha - 2.1%), Importação - USD 3 biliões (Principais
Importações: maquinaria e equipamentos elétricos, viaturas e acessórios,
medicamentos, produtos alimentícios e têxteis; Parceiros comerciais: Portugal -
20% -, África do Sul - 13% -, França - 7% - e Brasil - 6%) [Consulado Houston]. HIST. A designação do
país derivou do antigo Reino do mesmo nome, também chamado Dongo. Outros reinos
importantes foram o do Congo e os Reinos do Planalto Central. A armada de Diogo
Cão, a mando de D. João II de Portugal, chegou à Foz do rio Zaire, por mero
acaso, “possivelmente, em fins de Maio de 1483. O príncipe do Sonho [Soio],
habitando a foz do rio, no lugar de Praza, foi o primeiro régulo com quem
privou Diogo Cão, dentro da mais cativante cordialidade; boas relações que
permitiram, ao capitão, a escolha e o envio de uma pequena embaixada a
Manicongo, com presentes e notícias da chegada da armada de el-rei de
Portugal.” [Delgado
1:62-63].
Mas a cordialidade não duraria para sempre. Entre guerras de ocupação e
“pacificação” as atuais fronteiras ficariam definidas apenas em meados de 1920,
após o Ultimatum Inglês. A Luta Armada de Libertação Nacional foi iniciada pelo
MPLA, em Luanda, a 4 de fevereiro de 1961 e pela UPNA (mais tarde UPA e
posteriormente FNLA), de Holden Roberto (1923-2007), no Uije, a 15 de março
desse mesmo ano. No ano seguinte Agostinho Neto (1922-1979) assume a
presidência do MPLA, até então dirigido por Mário Pinto de Andrade (1928-1990).
Em 1966 Jonas Malheiro Savimbi (1934-2002), dissidente do GRAE – Governo
Revolucionário de Angola no Exílio, da FNLA, funda a UNITA. Como consequência
da Revolução de 25 de abril de 1974, Portugal e estes três Movimentos angolanos
assinam o Acordo de Alvor, a 15 de janeiro de 1975, pelo qual o “Estado
Português reconhece os Movimentos de Libertação […] como os únicos e legítimos representantes do
povo angolano,” se constitui um Governo de Transição e se estabelece que a
“Independência e soberania plena de Angola serão solenemente proclamadas em 11
de novembro de 1975, em Angola pelo Presidente da República Portuguesa ou por
um representante seu expressamente designado.” Os Movimentos não se entendem no
Governo de Transição e iniciam uma guerra fratricida. A 11 de novembro o MPLA
proclama a Independência de Angola em Luanda e a UNITA e a FNLA fazem o mesmo
no Huambo. Inicia-se uma Guerra Civil entre a coligação UNITA/FNLA, com apoio tácito
ou declarado do Zaire (atual R.D. do Congo), EUA, República Popular da China,
Israel, Marrocos, Costa do Marfim, Zâmbia e República da África do Sul (do
apartheid), com a participação direta de mercenários de várias nacionalidades e
o MPLA, com apoio de Cuba, da Nicarágua (Sandinistas) e da União Soviética.
Agostinho Neto institui um governo de partido único e ilegaliza a UNITA e a
FNLA. Neto morre a 10 de setembro de 1979, em Moscovo e sucede-lhe José Eduardo
dos Santos. A 16 de fevereiro de 1984 Angola e África do Sul acordam na
retirada das forças sul-africanas do território angolano. Em 22 de dezembro de
1988, é assinado, em Nova Iorque, um acordo tripartido (Angola, África do Sul e
Cuba) que estabelece a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de
Angola. Em abril de 1990 o governo angolano anuncia o reinício das conversações
diretas com a UNITA e no mês seguinte este movimento reconhece José Eduardo dos
Santos como Chefe de Estado. No final desse ano o MPLA anuncia a introdução de
reformas democráticas no país e a 11 de maio de 1991 é publicada a lei que
autoriza a criação de novos partidos. Os últimos cubanos abandonam Angola a 22
de maio de 1991. A 31 do mesmo mês, com a mediação de Portugal, EUA, União
Soviética e ONU, são celebrados os Acordos de Bicesse, no Estoril (Portugal),
nos quais se estabelece o fim da guerra civil e são marcadas eleições para o
ano seguinte. As eleições ocorrem em setembro de 1992 e dão a vitória ao MPLA
com cerca de 50% dos votos. A UNITA fica-se pelos 40%, não reconhece os
resultados eleitorais e reinicia-se o conflito armado que começa em Luanda mas
que se alastra imediatamente a todo o país. A 22 de fevereiro de 2002 morre em
combate, nas matas do Lucusse, no Moxico, Jonas Savimbi e termina a Guerra
Civil com a assinatura de um acordo que regula a deposição das armas por parte
da UNITA, que passa de movimento armado a partido meramente político. [Wiki.pt].
“Angola? Andei lá a
combater contra vocês e contra a SWAPO e, quando fecho os olhos, elas, as
crianças, chegam em silêncio e velam para que não durma, nunca mais durma” Tavares 2004:140.
angolanidade.
s.f.
|| Caraterística angolana. Cunho, feição ou marca distintiva do povo angolano.
angolanismo.
s.m. || Expressão ou termo de formação ou índole
angolana. Regionalismo angolano. Gosto pelas coisas angolanas. Adoção de práticas
angolanas.
angolanista.
s.cd.
|| Aquele(a) que é versado(a) em angolanismos. Conhecedor(a) das línguas
angolanas.
angolanização.
s.f.
|| Ato ou efeito de angolanizar.
angolanizar.
v.
intr. e tr. || Adaptar ao modo de ser angolano. Dar feição angolana a.
Estruturar através de elementos ou caraterísticas angolanas.
angolano.
adj.
e s.m. SIN. Angolar, angolense,
angolês, angolista, monangola, muangolê. || O nat., o hab. ou o que pertence ou
se refere a Angola.
“Quando preparei o
meu saco, uma semana antes, entre roupa interior e um frasco de perfume
francês, tinha colocado a fotocópia da «Cópia da derrota que fez Pedro João Batista»,
o angolano que nos primeiros anos do século XIX atravessou África pelo avesso,
a mando de Honorato da Costa, tentando assim resolver um problema antigo de
travessia e relação.”
Tavares
2004:123.
“Incorporados
à força no exército colonial, poucos de entre estes oficiais conseguiram
sobreviver às febres insaciáveis dos matos angolanos ou às balas traiçoeiras de
guerras que não compreendiam.” Agualusa 2010b:28.
angolar.
adj. e s.cd. SIN. Angolano, angolense, angolês, angolista,
monangola, muangolê. ||1. Angolano; o nat., o
hab. ou o que pertence ou se refere a Angola. ||2. HIST. O nat., o hab. ou o que pertencia ou se referia ao Reino de Angola ou Dongo. ||3. HIST. Antiga moeda que circulou em Angola entre
1928 e 1957, cuja recolha terminou em 31 de dezembro de 1959, sendo substituída
pelo escudo.
“ – Se
querem jogar, é já! – disse ele, carrancudo. Mas, de pronto, mudou de tom,
tirou o dinheiro da algibeira e jogou-o bruscamente para cima da mesa. E
acrescentou: – Vejam. Tudo isto por causa de cento e
vinte angolares... Parece que ganhei uma fortuna!” Soromenho 2001:12.
angolense.
adj.
e s.cd. SIN. Angolano, angolar,
angolês, angolista, monangola, muangolê. || Angolano; o nat., o hab. ou o que
pertence ou se refere a Angola.
“– É simples – disse o angolense, um mulato
ainda jovem, com pequenos óculos redondos e uma larga cabeça de grão-de-bico –,
você podia ir a Londres reclamar perante os tribunais britânicos os direitos
que lhe são devidos sobre o Reino do Congo e suas dependências.” Agualusa 2010b:100.
angolês.
s.m. || Angolano, aplicado à língua ou
linguagem falada em Angola.
“Deixou
de me parecer que estava meramente a emprestar credibilidade às personagens e
perguntei-me se seria tipo de finca-pé pessoal, a sua contribuição para
edificar um angolês oficial, se seria uma das alterações do novo acordo
ortográfico, ou se ele anda confuso.” Beirão 2016:60.
angolista.
adj.
e s.cd. SIN. Angolano, angolar,
angolês, angolense, monangola, muangolê. || Angolano; o nat., o hab. ou o que
pertence ou se refere a Angola.
angolófilo.
adj.
e s.m. || Aquele que nutre admiração por Angola, pelos angolanos ou por tudo o
que é angolano.
angolofobia.
s.f. || Aversão, fobia ou ódio a Angola ou
aos angolanos.
angolófobo.
adj. e s.m. || Aquele(a) que tem aversão,
fobia ou ódio a Angola ou aos angolanos.
angústia.
s.f.
|| Mucondo.
anhala.
umb.
s.(e-, a-) || Anhara.
s.f.
ETIM. adap. de Anhala, umb. s.(e-, a-), campinas,
planícies extensas sem povoações nem árvores [Daniel]. SIN. Xana. || Planície arenosa, correspondente
africano da charneca, na reg. central de Angola, atravessada por cursos de
água, com vegetação rasteira formada principalmente por gramíneas e arbustos de
pequeno porte, podendo apresentar-se alagada. O ongote é a personalidade
vegetativa típica da anhara.
“Neste amanhecer
vital / para os acontecimentos extraordinários / por montes e rios, por anharas
e preconceitos / caminhamos já vitoriosos / sobre a condição moribunda.” Neto 1974:30.
animar.
v.tr.
|| Bombiar.
anji.
kimb.
|| vd. Anga.
Annona spp.
lat.
s. || Anoneira.
Annona stenophylla subsp. nana.
lat.
s. || Aiolo-aiolo.
s.f. ||1. Fruto da anoneira. ||2. Fruta-pão,
sape-sape. ||3. a.-anã:
aiolo-aiolo.
“Tudo
começou numa manhã branca e macia como polpa de anona […].” Agualusa 2010a:115.
anoneira. [img.]
s.f.
|| TAX. Plantae,
Magnoliopsida, Magnoliales, Annonaceae, Annona
spp. L., syn. Rollinia spp. [ITIS,
Plant List,].
BOT. Árvore da anona,
popularmente conhecida por várias designações que se confundem com o nome do
fruto. A árvore pode atingir 15 m de a. As folhas, alternadas, são perenes e de
cor verde-escura. O fruto é mais ou menos cordiforme, glabro ou coberto de
saliências espinhosas ou escamas, conforme a variedade, é segmentado, com um d.
de 10-12cm, coloração exterior variando do amarelo-esverdeado ao vermelho
quando o fruto está amadurecido e polpa branca de sabor adocicado, com inúmeras
sementes pretas. UTIL. O fruto é
comestível a as folhas utilizadas na medicina tradicional. [Prota4U].
ansim.
pop.
adv. e conj. || Assim.
antão.
pop.
adv. e interj. || Então.
antes.
adv.
|| Anga anji, Anga hanji.
Antidorcas
marsupialis angolensis.
lat.
|| Cabra-de-leque.
antónio I, d.
antr.m.
|| Nome cristão de Ne Leza, Rei do Congo do séc. XVII. Descontente com as
tréguas que a rainha Jinga, mentora da II Coligação, acordara com os
portugueses, defrontou-os em 1656 na Batalha do Ambuíla e saiu derrotado, morto
e decapitado. A sua cabeça foi depositada na Capela de Nossa Senhora da Nazaré,
em Luanda e a coroa e cetro reais enviados para Lisboa. Este acontecimento
marcou o início do fim da independência do Reino do Congo.
antonino.
s.m. || mq. Antonista.
“A ausência de Yaba
deixou muitos antoninos perplexos, mas não era um caso suficiente para provocar
uma crise.”
Abranches
1996:276.
antonismo.
s.m.
|| Culto nascido no fim do séc. XVII na reg. do alto Ambriz e difundido a
partir do Soyo, absorvendo de forma avassaladora a consciência dos solongos e
espalhando-se por todo o Congo. As raízes do culto reportam-se a uma velha do
Ambriz, Apolónia Mfumaria ou Mfuta Mfumadiya, que afirmava ter encontrado no
rio a cabeça de Cristo, na forma de uma pedra arredondada, com sinais do seu
descontentamento em relação aos pecados dos homens. Os mandamentos do culto
condenavam os antigos feitiços, o trabalho ao domingo e criticavam D. Pedro IV
de Água Rosada, candidato ao trono central do Congo, que se refugiava no
Kimpango temendo os seus rivais na posse da coroa até então abandonada. Para a
apóstola do antonismo D. Pedro devia marchar sobre S. Salvador (Mbanza Kongo) e
proclamar-se rei. Na época o Congo apresentava um retrato de desmembramento,
após a derrota na batalha de Ambuíla, perdida a favor do Governo Colonial, em
1666. O Congo estava desmembrado em ducados e marquesados independentes que se
guerreavam uns aos outros e faziam escravos. Havia dois candidatos ao trono: D.
Pedro de Água Rosada, da estirpe dya Nzala e D. João II Nsimba a Ntando, da
estirpe dya Nlemba, que evitavam enfrentar-se. Depois da velha Apolónia outros
apóstolos aprofundaram um pouco o culto, até que surgiu, da aldeia solongo de
Tubi, a figura impressionante de Beatriz Kimpa Mvita, que seria chamada Santa Beatriz
ou Beatriz do Congo. Era uma jovem muito bela, segundo um relatório de 1717
feito pelo capuchinho Bernardo de Gallo ao Papa Clemente XI. O culto é relançado
e, pela primeira vez, constitui-se em “cisma antonino”.
“Mas agora surgira o
Antonismo, e esse era um grito de revolta, ainda muito ténue, ainda
adolescente, ainda sem programa bem definido, mas desde já em conflito aberto
com as práticas anti-conguesas, pela promoção do Povo.” Abranches 1996:171.
antonista.
s.cd.
SIN. Antonino. ||
Seguidor do Antonismo.
“-Estava à espera
dessa, Tata! São todos antonistas, não? Que situação mais delicada, meu Deus!” Abranches 1996:132.
antro.
s.m.
|| Ganda. Luando.
anular a ação de
um malefício.
idiom. || Apagar.
anzolar.
v.tr.
de Anzol. || Cangar, apanhar ou
pescar com anzol.
“Zacaria é que
anzolou a sorte por cima e por baixo de todo este mar que me assustou e que eu
agora agradeço.”
Rui
1999:34.
apagar.
v.tr.
||1. por corresp. com o
kimb. Kujima, v., apagar (o fogo ou
luz), fazer desaparecer, suprimir [Assis Jr.]. ||1. Anular ou destruir, ritualmente, a ação de
um malefício. [Ribas]. ||2. a. as cinzas:
por corresp. com o kimb. Kujima o ditokua,
apagar o borralho. Ação de verter dicosso sobre as cinzas acumuladas numa casa
onde ocorreu um comba. [Ribas]. ||3. a. o feitiço: por corresp. com o
kimb. Kujima o uanga, ms. Deitar o
feitiço - objetos retirados do corpo do enfeitiçado - numa composição de
líquidos preparada pelo quimbanda, que este borrifa com um bochecho de vinho. [Ribas].
apalpadela.
s.f. || Quibiona.
apalpão.
s.m. || Quibiona.
apalpar.
v.intr.
e tr. || Bulatar. Pôr quibiona (nas nádegas).
apanhar.
v.tr.
||1. pop. Achar,
encontrar algo perdido por outrem. ||2. Cuatar.
aparolar.
v. intr. tr. e refl. || Amatumbar.
aperaltado.
adj. || Calcinhas.
apertar.
v.tr.
|| Bulatar (os seios ou as nádegas).
apimentado.
adj. || Ajindungado.
apimentar.
v.
tr. || Ajindungar.
aplaudir.
v.intr. e tr. || Couelar.
aplauso.
s.m. || interj. de a.: Aiué!
apoia-nuca.
s.m.
|| Espécie de travesseiro ou almofada de madeira utilizado pelos povos do SO
para preservação dos penteados artísticos. ETNO. Entre os Nhaneca-Humbes: enquanto algumas
tribos se contentam, para o efeito, com um simples pau redondo, entre os
Nhanecas tal peça da utensilagem pessoal, apresenta uma forma artística, de
valor ainda realçado por decorações em pirogravura. [Estermann 1957:198]. Entre os Dimbas: o
leito conjugal possui duas “almofadas” de madeira, sendo o travesseiro do homem
formado por um pau arredondado de 65cm e o da mulher semelhante ao usado pelos
Nhaneca-Humbes; é de notar que estas duas peças não apresentam o mais leve
motivo ornamental. [Estermann 1961:99]. Entre os Ximbas:
quando homem e mulher se deitam ficam os pés na proximidade do braseiro e as
cabeças perto da parede e repousam sobre dois travesseiros; o do homem é muito
parecido com o que usam os Dimbas; apresenta, no entanto, duas
particularidades: é oco interiormente e encontra-se munido de um punho numa das
extremidades; o da mulher não difere também grandemente do apoia-nuca de uma
Dimba: dá a impressão de um “copo de cerveja” posto às avessas e de cavidade
muito estreita; como os dos Dimbas, são completamente lisos [Estermann 1961:100].
apressadamente.
adv.
|| À lengalenga.
apupo.
s.m. || interj. de a.: Uá!
apurar a raça.
loc.v. || Gerar filhos de pele
clara ; branquear a prole. Para esse fim, «a gente africana, sobretudo a
mulher, matrimonia-se com um indivíduo de epiderme mais clara que a sua :
ou preta com branco, ou mestiça com branco, ou, mesmo, preta com mestiço. O
apuramento, portanto, processa-se do escuro para o claro.» [Ribas 1997 :9].
aqua-bambara.
adj.
e s.m. ETIM. Akuabambara, kimb. s.(-, ji-). ||
Designação por que é também conhecido o povo Bambeiro, do grupo etnolinguístico
Quimbundo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence
ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
aquialado.
adj.
|| Indivíduo com comportamento de quiala. Grosseiro, mal-educado, rude.
aquibangala.
adj.
e s.cd. ETIM. kimb. Mbangala, s.(ki-, i-) [Ribas]. || Designação por
que é também conhecido o povo Bangala, do grupo etnolinguístico Quimbundo, e o
seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a
esse povo ou reg. Designação que surge “em velhos escritos e em certa confusão
com os Jagas; gente do Jaga de Cassanje. [Redinha 1970].
aquibuazado.
adj.
|| Indivíduo com comportamento de quibuaza. Grosseiro, mal-educado, rude.
aquicongamento.
s.m. || Ato ou efeito de aquicongar. [Ribas].
aquicongar.
v.tr. e refl. || Adaptar à estrutura da
língua quicongo; dar feição quicongo a.; amoldar-se às normas do viver dos quicongos,
como eles agindo e exprimindo-se [Ribas].
aquiescência.
s.m.
|| interj. de a.: Ba!
aquimbunduamento.
s.m. || Ato ou efeito de aquimbunduar. [Ribas].
aquimbunduar.
v.tr. e refl. || Adaptar à estrutura da
língua quimbundo; dar feição quimbundo a.; amoldar-se às normas do viver dos quimbundos,
como eles agindo e exprimindo-se [Ribas].
aquindumbado.
adj.
|| Diz-se do penteado com o feitio de quindumba.
aquindumbar.
v.tr.
|| Pentear o cabelo com o feitio de quindumba.
aquiocamento.
s.m. || Ato ou efeito de aquiocar. [Ribas].
aquiocar.
v.tr. e refl. || Adaptar à estrutura da
língua quioca; dar feição quioca a.; amoldar-se às normas do viver dos quiocos,
como eles agindo e exprimindo-se [Ribas].
adj.
e s.cd. ETIM. form. impr. de Quissama.
|| Designação por que é também conhecido o povo Quissama, do grupo etnolinguístico
Quimbundo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence
ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
ar.
s.m.
|| Quitembo.
ara!
kimb. portg. interj. || mq. Ala!
aragem.
s.f.
|| Quitembo.
arimba.
top.f.
|| Comuna do munic. do Lubango, na prov. da Huíla.
arimbo.
“
então ele / que suportou a moléstia /
mautrato fome os monas que perdera / beijando tal se um filho o seu arimbo /
pela primeira vez era: lutou” Vilanova 2004:68.
arimo.
s.m. ETIM. Rimu,
kimb. s.(di-, ma-), terras de lavoura longe das povoações [Assis Jr.]. O.OC. Arimbo. SIN. Xitaca. ||1. Pequena propriedade agrícola
de subsistência. Lavra. ||2. fig. Prostituição, quando explorada por proxeneta.
“O
arimo era mesmo seu, com quatro marcos de cimento postos pelo agrimensor e mapa
riscado no título, que tinha carimbo e selos.” Bobela-Motta 1978:41.
aringa.
s.f.
|| Lumbo.
Arius heudelotii.
arlequim.
s.m.
|| Combe (ave).
s.m.
|| TAX. Plantae, Magnoliopsida,
Malpighiales, Euphorbiaceae, Euphorbia
prostrata Aiton, syn. Anisophyllum prostratum, Aplarina prostrata, Chamaesyce malaca, C.
prostrata, C. villosior, Euphorbia callitrichoides, E. malaca, E. perforata, E. ramosa, E. tenella, E. trichogona, Tithymalus
prostratus [ITIS,
Plant List].
BOT. Herbácea perene da
família das Euforbiáceas, cuja designação comum resulta da força natural da
planta, que desponta até em terrenos empedrados. Como indica o nome específico,
é uma planta procumbente, que se estende por uma área entre os 70cm e os 2m,
com talos avermelhados, folhas de 3-11mm de c., oblongas, opostas, com margens
serrilhadas e levemente pubescentes, de seiva leitosa. Das axilas nascem cachos
de flores minúsculas, frutos de 1-1,5mm de c. (cápsulas grosseiras, pubescentes
nas partes angulares) e sementes de 1mm, ovóides, com arestas transversais e de
coloração branca ou cinzenta. ECO.
É oriunda do Caribe e dá-se em solos pobres e arenosos UTIL. É utilizada na
medicina tradicional, mormente no tratamento da icterícia e eliminação de
cálculos renais. [Prota4U].
“Alguns anos mais
tarde, trezentas cargas de nitroglicerina transformaram o kilombo em pedaços de
pedra muito pequeninos. No chão nasceu erva de arranca pedras e chá, outras
histórias para contar.” Tavares
2004:137.
arranhar.
v.tr.
e refl. || Pôr unha.
arranjar.
v.tr.
|| pop. Arrumar.
arrastar.
v.intr.
e tr. ||1. Berridar. ||2. a. os pés:
Xacatar.
arre!
interj. || Aca!
arreda!
interj.
|| Tunda!
arregaçado.
adj.
|| Bacado.
arregaçar.
v.tr.
|| Bacar.
arremangado.
adj.
|| Bacado.
arremangar.
v.intr. e tr. || Bacar.
arriaga, vila.
top.f.
|| a.top de Bibala.
arruaceiro.
adj.
e s.m. || Maqueiro.
arrogância.
s.f.
|| Funza.
arruar.
v.tr.
|| Pôr alguém da rua. Expulsar de casa; despedir.
arrumar.
gir.
v.tr. || Arranjar, conseguir, obter.
árvore das macutas.
idiom.
|| Adap. angolana do idiom. port. “Árvore das patacas”.
árvore-de-são-sebastião.
s.f.
|| Cassuneira.
asongo.
kimb.
s.(mu-, a-); txok. s.(ka-, tu-) [Ribas 1970, Vicente Martins 1990]. || mq. Songo.
assa.
ETIM. adap. do kimb. Hása, s.(-, ji-), ms. || Albino [Assis Jr.].
“Agora, quando ele
passa / nas ruas, a garotada / já não diz: - Ó «sô João»! - / Num refrão de
caçoada, / os garotos todos gritam: / - ‘Eué, assa! Eué, assa!’ – “ Victor 1958:68.
assango.
top. s.m. || Com. do mun. do Ambuim, da
prov. do Cuanza-Sul.
assanzalado.
adj. || Grosseiro.
assanzalamento.
s.m. || Ato ou efeito de assanzalar.
assanzalar-se.
v.refl. || Adquirir os hábitos da sanzala.
Proceder como as gentes da sanzala. Tornar-se grosseiro.
assassinar.
v. tr. || Bondar.
asseado.
adj. || Mundele.
assecuatar.
v.tr.
ETIM. Kukuata, kimb. umb. v., agarrar; da
expr. ssssCuata! que se emprega para
açular os cães (S-SO). SIN. Secuatar. || Açular,
afilar ou incitar os cães contra algo ou alguém.
assembleia.
s.f.
|| Maca.
assento.
s.m.
|| Benza.
assicongo.
adj. e s.m. ETIM. adap. de Muxikongo, kik. s.(mu-, ba-). || Designação por que é também conhecido o povo Muxicongo, do grupo etnolinguístico Quicongo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
assilvestrado.
adj.
|| Cabíri.
assimilação, atestado de.
s.m.
|| Documento emitido pelas autoridades coloniais que atestava o estatuto de assimilado.
“Os indígenas, para
se libertarem das peias e teias do jugo colonial, utilizavam meios que se
consideravam fraudulentos, como falsificação de documentos, suborno com pedras
de diamantes a algumas autoridades; cedência de fazendas de café aos
comerciantes e outros como solicitadores, advogados e quimbandas que se ofereciam
a tratar o atestado de assimilação, que chegou a custar 500 a mil contos em
valores, e às vezes mesmo gastando tudo isso continuava a ser o eterno
indígena.”
Xitu
1980:71.
assimilado.
adj.
e s.m. de Assimilar. || O africano
aculturado, figura do “Estatuto dos Povos Coloniais das Possessões Portuguesas”
de 1954, que estabelecia as condições para que, aos indígenas das colónias,
fosse reconhecida a cidadania: domínio da Língua Portuguesa, suficientes
rendimentos de trabalho ou de bens próprios, bom comportamento e prova de ter
adquirido a “educação e os costumes necessários à aplicação integral do direito
público e privado dos cidadãos portugueses”.
“O homem magro
observou bem Zeca Santos nos olhos; depois, depressa, desatou a fazer
perguntas, parecia queria-lhe mesmo atrapalhar: onde trabalhou; o que é que
fazia; quanto ganhava; se estava casado; qual era a família; se era assimilado;
se tinha carta de bom comportamento dos outros patrões; muitas coisas mais,
Zeca Santos nem conseguia tempo de responder completo, nem nada.” Vieira 2000:34-35.
assobiar.
v.intr.
|| fig. Despertar, excitar, provocar.
assola.
s.f. ETIM. adap. de Asola, umb. s.(e-, a-), ms. || GASTR. Prato
tradicional dos umbundos, consistindo num cozido ou guisado de papas de milho e
feijão, em água e sal o cozido, em muamba de dendém ou banha, o guisado.
Similar, em certa medida, à mucunza e à canjica dos quimbundos.
assolongo.
s.m.
ETIM. Asolongu, kik. s.(mu-, a-). ||
Designação (cf. Cadornega) por que é também conhecido o povo Solongo, do grupo etnolinguístico
Quicongo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence ou
se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
assombrado.
adj.
|| Banzado, banzo.
assombrar.
v.intr.
tr. e refl. || Banzar.
assombro.
s.m.
||1. Banzamento. ||2. Causar a., Sentir
a.: Banzar.
assuadas.
s.f.
pl. || Jingololo.
assunto.
s.m.
|| Andaca, Maca.
assustado.
adj.
|| Abuamado. Desquieto.
assustar.
v.
intr. tr. e refl. || Abuamar.
atabalhoadamente.
adv.
|| À lengalenga.
atacanhar.
v.
intr. tr. e refl. || Amatumbar.
atarantado.
adj.
|| Abuamado.
atarantar.
v.
intr. tr. e refl. || Abuamar.
atear a geração.
idiom.
|| Apetrechar a dissaquela com os meios necessários – xicos, panela e fogueira
– para anular um malefício ou desobstruir um embaraço sobrenatural [Ribas].
atila.
umb.
s.(e-, a-). || Atira.
s.f. ETIM. adap. de Atila, umb. s.(e-, a-) ms. [Daniel]. || Abóbora-carneira.
atirar o olho.
idiom.
|| Observar, Olhar, Reparar.
atoamente.
adv.
|| À toa, ao acaso, à deriva, irrefletidamente, a esmo.
“Os meninos que
ficavam sem os pais e as pessoas a fugirem atoamente, sem escolherem caminho, e
a deambularem pelo mato fora, sempre em desespero pelo imprevisto.” Rui 1999:56.
atoarda.
s.f.
|| Mujimbo.
atraiçoar.
v.tr.
||1. Pôr panda (um
membro do casal). ||2. fig. Bassular.
atrasar a raça.
loc.v.
|| Gerar filhos escuros; escurecer a prole, mediante união com indivíduo de
epiderme mais escura. “Esta expressão só se emprega entre gente africana,
quando uma mestiça seb ligava a um indivíduo de rasça negra.” [Ribas 1997:10].
s.f.
e gang. s., ms. || TAX. Plantae, Liliopsida,
Zingiberales, Zingiberaceae, Aframomum
alboviolaceum (Ridl.) K.Schum., syn. A.
biauriculatum, A. candidum, A. latifolium, A. macrospermum, A.
stipulatum, Amomum alboviolaceum,
A. bitacoum, A. latifolium, A.
macrospermum, A. stipulatum, Cardamomum latifolium, Ceratanthera beaumetzii [Plant List, Species
2000]. BOT Planta herbácea da
fam. das Zingiberáceas, com rizomas rastejantes que lançam hastes que podem
atingir 3m de a., com folhas compridas e delgadas. O seu fruto, com a mesma
designação, comestível e muito apreciado, é uma baga obovóide com 7-10cm de c.,
vermelha quando madura, de polpa branca agridoce e sementes pretas. UTIL. Os rizomas têm
propriedades vermicidas e todas as partes da planta são utilizadas no
tratamento de casos de debilidade e subnutrição [Prota4U].
atxocuamento.
s.m. || O.OC. de Aquiocamento. [Ribas].
atxocuar.
v.tr. e refl. || O.OC. de Aquiocar. [Ribas].
auá!, auâ!
mult.
interj. || Expressão de desdém, enfado ou repugnância.
“- Auá! Se calhar é
por causa as mandiocas eu comi… Verdade a barriga está lhe doer.” Vieira 2000:26.
autoridade.
s.sobr. || Quilamba.
avare.
avarento.
adj.
|| Camuelo.
avestruz.
s.f.
|| Ombo.
aviado.
s.m.
de Aviar, servir (no comércio),
executar ou expedir encomenda. || Agente comercial estabelecido por conta de
comerciante de maior poder económico; vendedor, ambulante ou estabelecido, que
vendia no sertão por conta dos comerciantes das grandes cidades.
“Sô
Miranda também fia, mas sô Miranda é aviado do Pio e tem pouca mercadoria.” Bobela-Motta1978:100.
aviário.
s.m.
|| Avicuca.
avico.
s.cd.
||1. Povo do grupo
etnolinguístico Ganguela e o seu dialeto, da língua do mesmo nome. ||2. O nat., o hab. ou o que pertence ou se
refere a esse povo ou região.
avicuca.
s.f.
||1. Marca comercial de
produtos alimentares e de criação intensiva de galináceos. ||2. antonom. Aviário.
“As crianças de homem
e mulher funcionários parecem pintainhos de avicuca a crescerem.” Macedo 1977:13.
avilo.
gir.
s.m. ETIM. or.pr. Kavalu,
kimb. s.(-, ji-), partidário, companheiro, camarada, pessoa com quem se tem
relações de amizade [Assis
Jr.],
amigo, camarada [Matta]. || Amigo, camarada,
companheiro.
aviso dissimulado.
s.m.
|| Quinjonjo.
axila.
s.f. || Hâbia.
axi-luanda.
adj. e s. cd. ETIM. Axiluanda, kimb. adj. e s.(mu-, a-). ||
Designação por que é também conhecido o povo Muxiluanda, do grupo etnolinguístico
Quimbundo, e o seu dialeto, da língua do mn. O nat., o hab. ou o que pertence
ou se refere a esse povo ou reg. [Redinha 1970].
axiluanda.
kimb. adj. e s.(mu-, a-). || Muxiluanda.
axiluandas.
s.cd. pl. || pl. hibr. de Muxiluanda.
axiúetado.
adj. de Axiuetar. || Axouetado.
“Enquanto Nzamba e
Kahima dialogavam, a Divua, esposa do quimbanda – de mulala e tronco nu,
vendo-se-lhe os seios axiuetados pela velhice – obrigava cada jogador a passar
de gatas, entre as suas pernas abertas.” Xitu 2008:64.
axiúetar.
v.intr. e tr. ETIM. Kuxiueta,
kimb. v., ms. [Ribas]. || Axouetar.
axoúetado.
adj. de Axouetar.
SIN. Axiuetado.||
Amolecido, definhado, mirrado, murcho.
axoúetar.
v.intr. e tr. ETIM. Kuxoueta,
kimb. v., engunhar, estar frouxo ou esmorecido, perder a energia ou entusiasmo [Assis Jr.]. SIN. Axiuetar. ||
Amolecer, definhar, mirrar, murchar; perder o vigor natural.
ayolo.
umb. s. || mq. Aiolo-aiolo.
azeite.
s.m.
|| A. de palma: Dendém.
“[…] ao ver na casa
fronteira o vulto da pequena vendedeira, destacado na sombra do corredor pela
luz avermelhada da candeia de azeite de palma, tem uma vaga recordação de
outros tempos passados numas terras muito longe, de onde a trouxeram quando era
pequena.”
Troni
1991:36.
azumbar.
v.refl.
|| Usar ou munir-se de zumbo.
admário costa lindo
última
atualização: 20.02.2018.
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